domingo, 13 de janeiro de 2019

O V Fórum Franklin D, Roosevelt - crónicas radiofónicas








Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105 FM
Esta crónica foi para a antena a 27 de Outubro de 2018 e pode ser ouvida aqui










O V Fórum Franklin D, Roosevelt

Numa organização conjunta do Governo Regional dos Açores e da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD), decorreu ontem em Ponta Delgada o V Fórum Franklin Delano Roosevelt.
Mário Mesquita foi o grande impulsionador destes fóruns que tiveram o seu início há 10 anos e tem sido com o seu empenho e contributo que se têm vindo a realizar.
A quinta edição do Fórum Açoriano assinalou o centenário da escala de Roosevelt, então Secretário da Marinha dos Estados Unidos durante o mandato presidencial de Thomas Woodrow Wilson, nos Açores.
Mas se Franklin Delano Roosevelt é uma figura incontornável da história da primeira metade do século XX, a sua mulher Anna Eleanor Roosevelt não é menos admirável e, ontem, pela voz da neta Laura Roosevelt, tive oportunidade de conhecer um pouco mais sobre esta mulher que foi mais, um pouco mais do que apenas a esposa do Presidente.
Mas se ao Presidente Franklin Delano Roosevelt, eleito em 1933, se reconhece o mérito, a sabedoria e a coragem de internamente ter implementado um conjunto de políticas públicas, conhecidas por new deal, inspiradas pelo economista John Maynard Keynes, políticas públicas que uniram os estado-unidenses e que lhe permitiu solucionar os problemas sociais, económicos e financeiros decorrentes do crash da bolsa de Nova Iorque, de Outubro de 1929, ou seja, sair da chamada “grande depressão”.
Para entender o Presidente Roosevelt e o new deal, bem assim como o pensamento de Keynes, não pode deixar de se olhar para além dos Estados Unidos. A necessidade de intervenção do Estado na economia, a regulação do mercado e a garantia da assistência social pública, medidas que o new deal consagrava, constituíam-se, também, como uma resposta do capitalismo à crescente popularidade da revolução russa de 1917.
Por outro lado, sem retirar nenhum mérito a Roosevelt e a Keynes, a verdade é que, também, externamente os Estados Unidos, com a liderança do Presidente Roosevelt, conseguiram afirmar uma estratégia de envolvimento, mas sobretudo de dependência dos seus aliados, designadamente, no que às questões da defesa diz respeito e que ainda hoje se mantêm, embora com contornos e exigências diferentes, mas que tinha como objetivo subjacente evitar a exportação dos ideais da revolução bolchevique.

Foto by Aníbal C. Pires
Os painéis e mesas redondas foram uns mais outros menos interessantes, como em qualquer outro evento desta, ou de outra natureza. Mas não posso deixar de lamentar a unanimidade e a formatação do discurso da generalidade dos oradores no último tema: Portugal, os EUA e a relação transatlântica, ainda que Rodrigo Oliveira se tenha distinguido com uma linha de pensamento próprio, o que não significa que esteja de acordo com ele, e, o cônsul dos Estados Unidos tenha desempenhado muito bem o seu papel na defesa dos Estados Unidos no Mundo, outra coisa não seria de esperar. Quanto ao professor Carlos Gaspar, da Universidade Nova e à Professora Mónica Dias, da Universidade Católica, que cometeu a indelicadeza de dedicar o seu tempo a falar de Thomas Woodrow Wilson num fórum dedicado a Roosevelt, até posso perceber a ligação, mas não me pareceu apropriado.
Mas das intervenções destes dois académicos, e isso sim é relevante, ficaram apenas os lugares comuns da visão unilateral das Relações Internacionais e do endeusamento dos sistemas políticos que governam alternadamente ao centro.
Bom foi ouvir a provocação de Mário Mesquita, sobre a questão da independência dos Açores, embora tenha ficado por isso mesmo pois a plateia ficou muda, bom de ouvir foi a paixão com que Laura Roosevelt, neta de Franklin Delano Roosevelt, falou dos seus avós. Fica também um registo positivo para o painel que abordou as questões da Educação na relação entre Portugal e os Estados Unidos.
Gostei de estar consigo. Fique bem.
Voltarei no próximo sábado. Até lá.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 27 de Outubro de 2018

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