segunda-feira, 17 de maio de 2021

de quem fica, de quem parte

foto by Aníbal C. Pires




fragmento de texto escrito a

2 de junho de 2011 e hoje revisitado







(...) O cais da partida e do almejado regresso transmutou-se. A tristeza dos que ficam, a saudade que já germina nos que partem, não muda nunca. Não muda ainda que esse seja um secular fado do povo português: abalar, já a magicar no retorno.

Da baía abrigada do porto para a aerogare. Dos intermináveis dias de viagem para umas fugidias horas, da pedrinha escrita no cais para o sms, da carta escrita para o mail, do telefone fixo, ou móvel, para o skype.

Conquistas da ciência e da técnica que afagam os sentimentos e dão a sensação de proximidade mas que não evitam, na hora da partida, aquele aperto no peito, os dentes cerrados tentando impedir uma lágrima que teima em assomar e rolar pela face e, o sentimento de vazio que, ao último beijo, ao derradeiro aceno, enche a alma de tristeza de quem fica, de quem parte. (...)


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