quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

sem sonhos não há caminho para andar

imagem retirada da internet
    A época é de festas, de apreciações e balanços sobre o passado recente e de votos para que tudo, ou pelo menos alguma coisa seja melhor para o futuro, que neste caso tem uma duração curta, os votos são, apenas, para que o Ano Novo seja próspero, feliz, bom… 

    Há muito que deixei de me encantar com estes cenários de celebração e renovação que por estes dias se instalam, em particular, no mundo cristão e que o calendário comercial, sem pudor, parasita até à medula. Isto não significa que fique indiferente e me encasule, esta é uma de outras datas, ao longo do ano, em que procuro estar com os meus: a família e os amigos; embora não dê um particular enfâse a esta como a outras datas do calendário. Todos os dias são bons para estar com os amigos e a família, é bom em qualquer ocasião sem qualquer outro motivo a não ser o que nos aproxima, a satisfação de estarmos juntos e a partilha de memórias, mas também de viver o presente e sonhar com o futuro, pois, sem sonhos não há caminho para andar.

    Às vezes dou comigo a pensar que este desencantamento se relaciona com o meu envelhecimento, mas ao revisitar o passado concluo que nunca fui muito dado a festas. Fui e vou, mas nunca retirei, nem retiro, uma grande satisfação dos ambientes festivos.

    Se é verdade que nunca fui muito dado às festividades do calendário católico e comercial, o que afasta a ideia de que o desencantamento que se tem vindo a instalar no meu ser não é da idade, ou pelo menos não será só, pois não faltam motivos para me sentir dececionado com os caminhos trilhados pelas sociedades ditas civilizadas, e às quais estou ligado pela geografia, mas que há muito deixaram de representar o que sinto e o que penso sobre progresso e civilização. Os exemplos de défice de humanidade nestas sociedades são visíveis e só não os vê e sente quem não quer, ou não se consegue libertar da cegueira que a propaganda induz.

imagem retirada da internet

    O exemplo mais simples e imediato da barbárie à qual assistimos em tempo real será, de momento, o da cumplicidade com o genocídio em curso na Palestina, não só em Gaza como em todo o território palestiniano. É inaceitável e incompreensível que o Mundo, assista tranquilamente. Se em relação a outros atos genocidas da história da humanidade nos podemos desculpar com um: não sabia; neste caso não há nada que justifique a indiferença perante tamanha barbárie apoiada passiva ou ativamente pela generalidade dos países. Há algumas exceções, mas aos olhos do Mundo civilizado não passam de estados terroristas.

    Na nova Síria, à semelhança do que aconteceu na Líbia, já abriram mercados de escravos, neste caso de escravas sexuais. Ainda não dei conta foi dos movimentos feministas a insurgirem-se contra essa afronta aos direitos humanos, como não dei conta de nenhuma manifestação de intenção e luta contra a demissão, pelos novos e democratas dirigentes sírios, de todas as mulheres juízes que exerciam a magistratura na velha e opressora Síria, para não falar da obrigatoriedade, até agora uma opção individual, de uso do véu islâmico na nova Síria. Não é fácil, ou será!? entender esta duplicidade de ação e contestação de movimentos ditos de defesa das mulheres.

    A inoperância e a ineficácia da ONU dizem bem da sua inutilidade, ou talvez da utilidade submissa aos poderes obscuros que dominam e determinam os nossos destinos e não, não me estou a referir aos governos e a quem os representa. 

imagem retirada da internet
    Os exemplos que referi por serem, mais ou menos distantes, mas também pela intoxicação informativa da comunicação social de “referência” podem justificar algum alheamento e a aceitação passiva de alguns cidadãos, já não é aceitável que jornalistas e políticos branqueiem por omissão e por manipulação os factos e legitimem a barbárie com narrativas que investigações independentes já desconstruíram.

    Com outra dimensão, mas ainda assim com uma raiz comum, a imbecilidade promovida pelo governo português e protagonizada pela PSP deixando, contudo, salvaguardado o respeito que a corporação merece, pois, nem todos os oficiais e agentes se identificam com aquela forma de atuação, mas como dizia a operação de “segurança” levada a cabo na zona do Martim Moniz é sintomática de uma certa forma de fazer política que resulta do preconceito levado, neste caso até à discriminação. Este lamentável caso não é único teve a visibilidade mediática que outras, por acontecerem fora dos holofotes, não têm e que são levadas a cabo nas periferias onde residem os pobres, racializados ou não. Sobre o assunto já muito foi dito, escrito e dissecado pelos comentadores nacionais e nada de novo tenho a acrescentar.

    A caminho do fim do texto gostaria de abordar duas outras questões que, parecendo não ter nada a ver com o que atrás ficou dito, estão profundamente ligadas e em relação às quais julgo ser necessário alguma reflexão crítica.

    

    A emergência da classe média com algum significado e importância aconteceu na segunda metade do século XX, claro que a história começa muito antes, e era sustentada por aquilo que hoje tem tendência a ser aniquilado, ou seja, o acesso aos serviços públicos (saúde, educação e proteção social), segurança laboral e a rendimentos que lhes permitiam viver com alguma dignidade, não deixando, contudo, de ser trabalhadores e disso tinham consciência.  Perceção que foram perdendo na justa medida em que as teorias da realização pessoal se foram sobrepondo às realizações coletivas e lhes começou a ser disponibilizado, não melhores condições de vida ou mais rendimento, mas o acesso a produtos e bens de baixo custo que lhes permite imitar os verdadeiramente ricos, há quem lhe chame democratização do consumo. Eu diria que não passa de uma fantasia que nos vai fazer competir e consumir cada vez mais, ou seja, enquanto alimentarmos esta ideia de que o mercado nos permite que possamos ostentar um modelo de vida que só, até então, alguns podiam ter, o que não passa de uma ilusão, vamos continuar a competir e esquecer a necessidade de transformação de um modelo social, político e económico que nos vai destruir.

    

imagem retirada da internet
    Veja-se por exemplo, e esta é a segunda questão que queria abordar antes de fechar o texto, a transição energética, em particular, para a mobilidade elétrica. Todos estaremos de acordo que há uma necessidade premente de alterar o atual paradigma económico que é responsável pelas ameaçadoras alterações climáticas, mas vejamos o caso da mobilidade elétrica com base na utilização, ainda que transitória, de um mineral escasso, o lítio, para a fabricação de carros particulares.

    Os custos e emissões durante a vida útil de um carro elétrico para uso particular não justificam este investimento, quando muito a aposta seria a sua utilização em transportes coletivos, garantindo assim que um maior número de pessoas beneficiava com a presente alternativa de mobilidade elétrica e os impactos ambientais seriam, aí sim, menores. 

    Os fabricantes de carros elétricos, sejam eles de onde forem, apenas se adaptam aos ciclos do mercado. Se a preocupação social dominante é reduzir o uso de combustíveis fósseis para combater o aquecimento global e as alterações climáticas a resposta do sistema é fornecer uma solução que iluda o essencial. O lítio é escasso, a sua extração provoca impactos ambientais irreversíveis, ou seja, estamos perante mais uma falácia construída em nome de um bem maior: a defesa do meio ambiente.

Ponta Delgada, 24 de dezembro de 2024 

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 25 de dezembro de 2024

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

ciclos

desenho de João Pires
jardins do tempo

chego com a luz
da Primavera 
e os rosmaninhos em flor

regresso no Verão
ao mar
do meu contentamento

no Outono 
passeio pelas tardes
coloridas de nostalgia

contemplo as árvores desnudas
memórias nas folhas caídas 
aconchego-me nos livros de Inverno


Ponta Delgada, 4 de dezembro de 2024

tempo de (des)encanto

imagem retirada da internet
Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.


(...) A época é de festas, de apreciações e balanços sobre o passado recente e de votos para que tudo, ou pelo menos alguma coisa seja melhor para o futuro, que neste caso tem uma duração curta, os votos são, apenas, para que o Ano Novo seja próspero, feliz, bom… 

Há muito que deixei de me encantar com estes cenários de celebração e renovação que por estes dias se instalam, em particular, no mundo cristão e que o calendário comercial, sem pudor, parasita até à medula. Isto não significa que fique indiferente e me encasule, esta é uma de outras datas, ao longo do ano, em que procuro estar com os meus: a família e os amigos; embora não dê um particular enfâse a esta como a outras datas do calendário. Todos os dias são bons para estar com os amigos e a família, é bom em qualquer ocasião sem qualquer outro motivo a não ser o que nos aproxima, a satisfação de estarmos juntos e a partilha de memórias, mas também de viver o presente e sonhar com o futuro, pois, sem sonhos não há caminho para andar. (...)


sábado, 21 de dezembro de 2024

neste ano, não

Aníbal C. Pires por Eduardo Bettencourt Pinto

(... ) A minha inquietação sobre o futuro próximo impede que o estado de espírito natalício se instale, não sei mesmo se serei capaz de formular os habituais votos de Boas Festas que caraterizam esta quadra de celebração da natalidade e da entrada num novo ciclo anual. A cada ano que passa as quadras festivas perdem, para mim, significado pelas razões já expostas, mas também pela mercantilização das crenças e dos afetos num processo de onde o humanismo está arredado, só serve como estratégia de marketing, ou seja, para promover o consumo e uma sensação temporária de bem-estar. Depois, bem depois tudo se esvai com os primeiros dias de janeiro. (...)

do tempo que vivemos

imagem retirada da internet
(...) Os leitores devem ter ficado algo perplexos. Estamos na época natalícia e eu trago para a “Sala de Espera” um assunto pouco adequado à quadra festiva. É verdade, mas as crianças palestinianas continuam a ser massacradas e não olvido que Jesus nasceu na Palestina. (...)



quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Complexo e preocupante

imagem retirada da internet
    O governo sírio caiu em pouco menos de duas semanas do recrudescimento da atividade visível dos grupos radicais islâmicos herdeiros da Al-Qaeda, hoje com outras designações adequadas à conjuntura internacional e agora designadas, pelo ocidente, “diversity-friendly jihadists”. A situação é de grande complexidade pois, os interesses e os conflitos, já existentes e os que advém da queda do governo e do presidente sírio, envolvem um conjunto de países e povos com interesses naquele território, desde logo a Turquia, os Estados Unidos e o estado sionista que dá pelo nome de Israel, por um lado, por outro a Rússia, o Irão, o Iraque e o Líbano, ainda que por razões diversas. Nesta equação não é despiciente o papel dos kurdos e de outras minorias que habitam o território daquilo que ainda se designa por Síria. Outra variável, que não é de somenos importância, será a concretização do gasoduto Qatar/Turquia que agora, veremos, deixou de ter oposição da Síria. 

    Não terei sido apenas eu, mas foi com alguma surpresa que me apercebi do rápido avanço das forças que derrubaram o poder instituído na Síria, mesmo considerando a capacidade e eficácia dos seus poderosos patrocinadores no derrube governos e a promoção dos seus apaniguados para a assunção do poder. Esta minha perplexidade fica a dever-se ao meu desconhecimento da deterioração interna Síria, após o acordo Astana o que, não sendo só, justifica a fraca resistência das forças armadas sírias e o reduzido apoio popular ao governo e ao presidente sírio agora depostos.

    A alteração das relações de poder nesta sensível zona do globo é complexa e preocupante pois, vem somar mais precariedade a uma região que tem vivido em permanente instabilidade. A apreensão quanto aos desenvolvimentos e às implicações nos países do médio oriente, mas também no Mundo, aumenta pela exposta incapacidade de intervenção de organismos como as Nações Unidas na mediação de conflitos, alguns deles por procuração de interesses, aliás como é o conflito sírio que só teve este rápido desfecho pela intervenção direta ou indireta dos Estados Unidos, do estado sionista e da Turquia, mas também a mãozinha da União Europeia.

    Os acontecimentos na Síria continuam a desenrolar-se com uma inusual rapidez, o que pressupõe, que tudo o que aconteceu nos últimos dias era esperado e resultou de uma cuidada preparação, eu diria que, face ao que a cada momento tem vindo a público, a única variável que terá surpreendido tudo e todos foi a celeridade a que os eventos se sucederam. Estou a escrever este texto no dia 8 de dezembro, Damasco foi tomada, Bashar al-Assad saiu do país e correm rumores, ainda não confirmados, que o avião onde viajava terá sido abatido, ou terá sofrido um acidente e o ex-presidente sírio terá morrido, afinal já chegou a Moscovo e foi-lhe concedido asilo, no norte da Síria as milícias pró turcas confrontam-se com os kurdos, o estado sionista que dá pelo nome de Israel, invadiu território sírio a partir dos Montes Golan e tem estado a bombardear instalações militares abandonadas e infraestruturas industriais que produziam material bélico. As forças armadas dos Estados Unidos e as bases militares russas permanecem em território sírio, sendo que os russos poderão, por iniciativa própria, retirar-se da base aérea de Hmeymim e da base naval de Tartus, quanto aos efetivos militares dos Estados Unidos, um dos países beneficiados com a chegada ao poder dos grupos jihadistas, permanecerão naquele território até que por ali tenham interesses.

Al-Julani - antes e agora (imagem retirada da internet
    Há aspetos caricatos e que demonstram a hipocrisia de alguns estados. O líder, ou um dos líderes dos “diversity-friendly jihadists” dá pelo nome de Abu Mohammad al-Julani a quem os Estados Unidos listaram, em 2013, como um “Terrorista Global Especialmente Designado”, por quem, em 2017, ofereciam uma recompensa de 10milhões de dólares por informações que pudessem conduzir à sua captura. A liderança de al-Julani no processo do derrube do governo e do presidente sírio branqueou todo o seu passado e limpou-lhe os epítetos, isto a julgar como boas as posições, já conhecidas, dos Estados Unidos bem assim como da nova responsável da União Europeia para as Relações Exteriores e Segurança, a inefável Kaja Kallas, sobre a situação na Síria. E não se pense que a satisfação ocidental tem alguma coisa ver com o bem-estar do povo sírio, este estado de contentamento está relacionado com um suposto enfraquecimento da Rússia e do Irão. Uma coisa é certa: as resistências palestinianas e libanesas às agressões do estado sionista sofreram um duro golpe pois, os apoios vindos do Irão eram canalizados pelo território sírio e, contra todas as lógicas para os grupos extremistas islâmicos os interesses sionistas são intocáveis, o que significa que essas rotas poderão deixar de estar “abertas”, pois não há notícia, nem memória, de que a Al-Qaeda, ou qualquer dos seus sucedâneos tivessem, uma vez que fosse, mexido com a segurança ou os interesses do estado sionista.

    Um olhar, ainda que ligeiro, para a cartografia da região onde se situa a Síria é elucidativo do que se “joga” naquele tabuleiro geopolítico, de quem beneficia e de quem fica em desvantagem. Se a região já era um barril de pólvora com este novo cenário o que se pode dizer é que o pavio ficou mais curto e o perigo de deflagração é agora muito maior. Mas sobre a questão Síria, em tudo semelhante a outros processos, nada mais acrescentarei a não ser reforçar a minha inquietação sobre o futuro próximo, não só na Síria, mas em relação aos efeitos perniciosos que se irão repercutir nos países da vizinhança e no Mundo, tal como aconteceu depois das intervenções ocidentais, diretas ou por procuração, no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. 

imagem retirada da internet 
    Os leitores devem ter ficado algo perplexos. Estamos na época natalícia e eu trago para a “Sala de Espera” um assunto pouco adequado à quadra festiva. É verdade, mas as crianças palestinianas continuam a ser massacradas e não olvido que Jesus nasceu na Palestina.

    A situação internacional degrada-se a passos largos e, para além da Síria, da Palestina, do Líbano, da Ucrânia, da Geórgia e da Roménia, para referir apenas os casos que têm dominado as agendas mediáticas, existem muitos outros focos de tensão que alimentam a guerra híbrida em curso e demonstram, à saciedade, que o colonialismo e o imperialismo de novo tipo não desiste de manter os seus privilégios a qualquer preço. 

    A minha inquietação sobre o futuro próximo impede que o estado de espírito natalício se instale, não sei mesmo se serei capaz de formular os habituais votos de Boas Festas que caraterizam esta quadra de celebração da natalidade e da entrada num novo ciclo anual. A cada ano que passa as quadras festivas perdem, para mim, significado pelas razões já expostas, mas também pela mercantilização das crenças e dos afetos num processo de onde o humanismo está arredado, só serve como estratégia de marketing, ou seja, para promover o consumo e uma sensação temporária de bem-estar. Depois, bem depois tudo se esvai com os primeiros dias de janeiro.

    Gosto de me sentar para escrever e, por norma, trago já o tema estruturado mentalmente. Tenho procurado afastar-me dos assuntos da política regional, nacional e internacional. Hoje não foi o caso, nem foi prazeroso, não segui a estrutura mental que tinha desenhado para este escrito e não guardei distanciamento temporal em relação ao assunto sobre o qual deixei alguns factos e juízos. É sempre um risco, ou melhor um risco acrescido pois, publicar opinião, por mais inócua que seja, e expor as nossas cogitações quando pensamos fora do padrão é sempre arriscado e pouco popular. Quanto aos perigos, não os temo e, não troco a minha liberdade e o direito ao pensamento crítico por popularidade.

Ponta Delgada, 10 de dezembro de 2024 

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 11 de dezembro de 2024

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

de terrorista a herói

Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.




(...) Há aspetos caricatos e que demonstram a hipocrisia de alguns estados. O líder, ou um dos líderes dos “diversity-friendly jihadists” dá pelo nome de Abu Mohammad al-Julani a quem os Estados Unidos listaram, em 2013, como um “Terrorista Global Especialmente Designado”, por quem, em 2017, ofereciam uma recompensa de 10milhões de dólares por informações que pudessem conduzir à sua captura. A liderança de al-Julani no processo do derrube do governo e do presidente sírio branqueou todo o seu passado e limpou-lhe os epítetos, isto a julgar como boas as posições, já conhecidas, dos Estados Unidos bem assim como da nova responsável da União Europeia para as Relações Exteriores e Segurança, a inefável Kaja Kallas, sobre a situação na Síria. (...)

sábado, 7 de dezembro de 2024

dos lambe-botas


o(s) idiota(s) útil(eis)

alienados
vagueiam por aí
à tona do lameiro
afiançam a sua convicção
validam as opções
na nobreza da missão
abonam a sua própria certeza
querem comiseração

os crédulos aplaudem
os ingénuos apoiam

o “idiota útil”
desliza como uma enguia
de charco em charco

é um oportunista

digo eu
sem estar certo de nada
nem com a própria certeza
dos transacionáveis “idiotas úteis”
disponíveis a preço de saldo
no pântano onde 
até a integridade se prostitui.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 7 de dezembro de 2024

domingo, 1 de dezembro de 2024

Lepa Svetozara Radic - a abrir dezembro


Lepa Svetozara Radic foi executada em fevereiro de 1943, aos 17 anos, por disparar sobre tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial.[1] Enquanto seus captores amarravam o laço da forca em volta do seu pescoço, ofereceram-lhe a comutação da pena se ela revelasse as identidades de seus camaradas e líderes. Radić respondeu que não era uma traidora e que eles se revelariam quando vingassem a sua morte.

Lindas são as mulheres que lutam.