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Aníbal C. Pires - do arquivo pessoal |
Excerto de texto para publicação no Diário Insular e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.
(...) Os instrumentos dessa manipulação são claros. O ensino, quando reduzido a programas mínimos e acríticos, transforma-se em veículo de amnésia organizada. A comunicação social, dominada por lógicas empresariais e agendas políticas, seleciona o que deve ser lembrado e o que deve ser apagado, reduzindo a complexidade a narrativas simplistas. E as redes sociais, com a sua velocidade e fragmentação, amplificam falsidades e revisionismos, transformando a mentira repetida em verdade partilhada.
O perigo não está apenas no esquecimento, mas na substituição da memória pela ficção conveniente. Quem controla a memória molda o futuro. É por isso que recordar não é um exercício nostálgico: é um ato político. Defender a memória crítica é defender a democracia contra a erosão lenta do revisionismo, é proteger a verdade contra a anestesia da mentira e é, sobretudo, escolher não entregar o futuro às mãos de quem se alimenta do esquecimento e do revisionismo histórico. (...)
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