quinta-feira, 5 de outubro de 2023
Dia Mundial dos Professores
quarta-feira, 4 de outubro de 2023
mentira, meia-verdade, estupidificação e ética
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Não é de agora que tenho a sensação de que o mundo se está a afundar, como se nos estivessem a encaminhar para uma conformação do pensamento e da história moldada em laboratórios de ideias (think tanks). Os sinais são preocupantes, como preocupante é a permeabilidade e a atitude de sobranceria de uma camada importante da população que vive a “ocidente” da maioria da população mundial. Permeabilidade face à informação e formação que, bastas vezes, contradiz e tenta reescrever a história, sobranceria, face a quem não aceita a imposição de uma certa forma de viver e ser, e uma recusa arrogante perante a evidência da multipolaridade mundial. O mundo é muito mais do que o idílico “jardim” de Borrel construído com a pilhagem das riquezas da “selva”.
É, para mim, claro que estamos a viver um processo de recessão civilizacional, entendendo civilização como os progressos sociais que, em particular no terceiro quarto do século XX se conquistaram e implementaram nas sociedades ditas ocidentais e o reconhecimento de um mundo de múltiplas vozes, ainda que, desse reconhecimento não tenham advindo alterações de monta nas relações entre as potências colonizadoras e os países colonizados. Veja-se, por exemplo: 90% da população do Níger não tem acesso a energia elétrica, mas 30% do urânio que alimenta as centrais nucleares francesas é extraído naquele país africano. A França foi a potência europeia colonizadora, o Níger libertou-se recentemente do jugo neocolonial francês.
A este propósito, ou despropósito, trago hoje para a “Sala de Espera” quatro acontecimentos que vou ordenar por ordem cronológica e que ilustram o que quero deixar para reflexão e discussão.
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O então primeiro-ministro de Israel, nessa intervenção que antecedia uma visita à Alemanha, acrescentou, ainda que: “(…) Hitler não planeava exterminar os judeus, foi o Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin Al-Husseini que o convenceu. (…)”
Haj Amin Al-Husseini, palestiniano e muçulmano, foi nomeado em 1921, pela Inglaterra, Grande Mufti de Jerusalém e foi, de facto, um apoiante de Hitler, mas daí a Benjamin Netanyahu tentar reescrever a história para justificar a ocupação da Palestina e o massacre dos palestinianos, inocentando o verdadeiro responsável pelo extermínio de seis milhões de judeus durante a II Guerra Mundial é, em si mesmo, um vergonhoso ensaio para mistificar um facto histórico.
Benjamin Netanyahu, face às críticas internas e externas, teve de se retratar e quando chegou a Berlim já levava consigo um outro discurso, ou seja, a verdade histórica.
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Disse, a determinada altura, Ursula Von der Leyen: “(…) Muitos dos vossos familiares perderam a vida quando a bomba atómica arrasou Hiroshima. Você cresceu com as histórias de sobreviventes. E você queria que ouvíssemos as mesmas histórias, que enfrentássemos o passado e aprendêssemos algo sobre o futuro. Foi um início preocupante para o G7 e que não esquecerei, especialmente numa altura em que a Rússia ameaça utilizar novamente armas nucleares. É hediondo, é perigoso – e à sombra de Hiroshima, é imperdoável. Ninguém está melhor preparado do que o Japão para nos alertar sobre o perigo extremo desta imprudência. (…)”.
A presidente da Comissão Europeia, em momento algum da sua intervenção enunciou os autores do bombardeamento (Estados Unidos), mas deixou no limbo uma ideia que pode induzir em erro os mais incautos. As reações de contestação não se fizeram esperar, tendo sido mesmo pedida a sua demissão da presidência da Comissão Europeia, mas a russofobia dominante depressa abafou mais esta tentativa de branqueamento das responsabilidades históricas.
Este episódio foi de imediato contestado e teve como efeito imediato a demissão de Anthony Rota que assumiu toda a responsabilidade pelo sucedido escudando-se no desconhecimento sobre o passado de Yaroslav Hunka na 14.ª Divisão da Waffen SS Galícia. Eu diria que o desconhecimento não pode servir de desculpa, nem a Anthony Rota, nem a Justin Trudeau, nem a nenhum dos presentes pois, como já referi a idade e o contexto do passado do cidadão de nacionalidade ucraniana-canadiana que ali foi celebrado, não deixa margem para dúvidas quanto ao lado pelo qual lutou durante a II Guerra Mundial. O Canadá enxovalhou a comunidade judaica e a comunidade internacional, bem assim como traiu a memória dos soldados canadianos que lutaram e morreram na luta contra o nazismo durante a II Guerra Mundial.
4 – Por fim a publicidade de uma distribuidora de televisão por cabo, internet e rede telefónica fixa e móvel que tem como mote: “faz amor por amor à seleção”; pretende-se, com esta campanha publicitária, incentivar o aumento da natalidade em Portugal, mas o seu propósito é apenas a angariação de mais clientes.Perguntarão os leitores, mas o que tem a ver “faz amor por amor à seleção” com os registos anteriores!? E eu direi: tem tudo. Não pode valer tudo para vender um produto, um serviço, uma ideia ou para distorcer a verdade histórica. A luta contra a mentira, a meia-verdade, a estupidificação e a falta de ética não é de agora, mas na atualidade assume-se como uma prioridade.
Este é o mundo em que vivemos a “ocidente” de um mundo que está a dar pequenos passos para, sem tutelas, escolher o seu caminho. E não pode valer tudo para continuar a vender, exportar e impor modelos sociais, culturais, políticos e económicos a um mundo culturalmente diverso.
Ponta Delgada, 3 de outubro de 2023
terça-feira, 3 de outubro de 2023
inquietações
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Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos
(...) Estão a tirar-nos o chão debaixo dos pés! Pode até ser metafórico como ouvi, ao poeta e escritor Paulo Ramalho, afirmar na apresentação do seu romance “Todo Este Silêncio”, referindo-se a uma de outras leituras possíveis do seu livro. Este texto não pretende fazer nenhuma apreciação literária ao mais recente romance deste autor, mas sempre direi que: lê-lo foi um prazer; mas não é de agora que tenho a sensação de que o mundo se está a afundar, como se nos estivessem a encaminhar para uma conformação do pensamento e da história moldada em laboratórios de ideias (think tanks). Os sinais são preocupantes, como preocupante é a permeabilidade e a atitude de sobranceria de uma camada importante da população que vive a “ocidente” da maioria da população mundial. Permeabilidade face à informação e formação que, bastas vezes, contradiz e tenta reescrever a história, sobranceria, face a quem não aceita a imposição de uma certa forma de viver e ser, e uma recusa arrogante perante a evidência da multipolaridade mundial. O mundo é muito mais do que o idílico “jardim” de Borrel construído com a pilhagem das riquezas da “selva”. (...)
domingo, 1 de outubro de 2023
Maria dos Santos Machado (Rubina) – a abrir outubro
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Por que lindas são as mulheres que lutam o "momentos" abre o mês de outubro com Maria dos Santos Machado (Rubina)
Esta mulher açoriana, nascida na Calheta (S. Jorge), é um exemplo de força, determinação e de luta por um mundo melhor.
sexta-feira, 29 de setembro de 2023
artista mulher
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foto de Aníbal C. Pires |
Na passada quinta-feira fui, finalmente, visitar a exposição de desenho e pintura (aguarelas e caneta) de Ugolina Batista e gostei.
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Ugolina Batista - foto retirada da internet |
Gostei do espaço e da forma simpática e entusiasta com que fui recebido e gostei do que vi.
Conheço a Ugolina Baptista e por ela tenho uma respeitável admiração. A Ugolina é uma mulher surpreendente e possuidora de uma invejável energia, mas é também, e quiçá sobretudo, uma artista multifacetada e criativa.
Embora tardios, ficam os meus parabéns à Ugolina Batista e os votos para que nos continue a brindar com a sua arte, engenho e boa disposição.
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
a receita
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A solução para qualquer problema tem de, ou deve ser, construída tendo como principal premissa as suas causas e, naturalmente, para motivos diferentes as soluções devem ser distintas, por outro lado se as medidas paliativas de combate ao aumento da inflação, em determinado momento, são necessárias é, porém, na eliminação das causas que reside a solução para o seu controle efetivo, mas o que assistimos ciclicamente e de forma linear é à aplicação da mesma receita, independentemente, do que lhe está na origem, ou seja, para travar o aumento da inflação aumentam-se os juros de referência, com as perniciosas e conhecidas consequências sobre as famílias e as economias. Os “analistas” de economia e finanças estão divididos quanto à decisão que o BCE vier a tomar durante o mês de setembro. As probabilidades, segundo os especialistas, dividem-se pela manutenção das taxas de referência ou, por um novo aumento (ganharam os segundos). Como se pode verificar os “analistas”, como é habitual, acertaram neste intrincado processo de adivinhação, acrescentam, ainda, que no caso de os juros não sofrerem um novo aumento isso se ficará a dever aos efeitos negativos que pode provocar nas economias da União Europeia (UE), algumas delas, e isto sou eu que digo, já se encontram à porta da recessão o que não significa que os juros não voltem a aumentar pois, os dogmáticos neoliberais que detêm o poder de decisão mandarão a senhora Christine Lagarde fazer o que melhor satisfaz os seus interesses.
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Qualquer leigo, como eu, identifica um conjunto de fatores que, para além dos efeitos das opções políticas que corroem os setores produtivos em Portugal e no espaço da UE contribuem para justificar a subida dos preços de bens e serviços e, por conseguinte, o aumento da taxa de inflação.
A paralisação económica provocada pelas medidas de confinamento tomadas para enfrentar o grave problema de saúde pública que surgiu em 2020, a guerra híbrida entre os Estados Unidos e a China, tendo como face mais visível a guerra russo-ucraniana, e, por via do conflito, um interminável pacote de sanções à Rússia que, como cedo se percebeu, afetou mais as economias da UE do que o país sancionado. Estes dois eventos, digamos imprevisíveis, justificam, em parte, o aumento dos preços no espaço económico da UE, mas foi o efeito boomerang das sanções e a dependência energética que contribuiu para o aumento dos preços, ainda assim, nem tudo é resultante direta destas circunstâncias. Talvez se possa acrescentar alguns sinais de expansionismo monetário se considerarmos o comportamento dos bancos centrais na resposta à crise de 2007/2008. Se bem se lembram os juros de referência desceram o que permitiu acesso facilitado ao dinheiro, era necessário injetar dinheiro na economia e recapitalizar a banca. As famílias beneficiaram da baixa das taxas de referência, mas a preocupação não era, nunca é, a população o objetivo era, é sempre, a salvaguardada do setor financeiro que, como sabemos, foi o responsável pela crise do subprime.
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O aumento e diversificação da produção nacional é, contudo, a opção de médio e longo prazo que melhor pode assegurar a redução da pressão inflacionária. Em Portugal andamos desde 1986 a auto- destruir a nossa capacidade produtiva e, por conseguinte, a perder soberania deixando-nos expostos e permeáveis aos contextos externos, às “jardinices” do Borrel e aos desvarios de Ursula von der Leyen.
Arranhó, 15 de setembro de 2023
terça-feira, 19 de setembro de 2023
logro
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(...) O aumento dos juros tem sido a receita, mas como muito bem se sabe existem outros mecanismos que, sendo igualmente paliativos, podem ser utilizados para travar o aumento da taxa de inflação, como seja, o controle de preços. Como disse esta não é uma medida que salvaguarde as economias de outros ciclos inflacionários, mas pode e já devia ter sido adotada pondo termo à especulação de preços que as grandes centrais de compras e distribuição estão a praticar. O controle de preços ou a subida das taxas de juro não são a solução e qualquer destas medidas pode provocar danos colaterais. A opção tem sido pela continuada subida do preço do dinheiro procurando reduzir a procura e penalizando as famílias, em particular, com créditos à habitação, ao invés do controle dos preços que beneficiaria a população e punha fim a um dos fatores exógenos que mais tem contribuído para a subida da taxa de inflação: a especulação. (...)
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
Jénifer, a controversa
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Houve quem gostasse e quem não gostasse do livro de Joel Neto que deu à estampa com o título: “Jénifer, ou a princesa de França – As ilhas (realmente) desconhecidas”; é o que normalmente acontece quando é lê um livro, se visita uma exposição de pintura ou fotografia, se visiona um filme, se assiste a um concerto, enfim é natural e não tem nada de estranho a diversidade de opiniões é saudável e contribui para enriquecer o debate público.
No caso de “Jénifer, ou a princesa de França – As ilhas (realmente) desconhecidas” as opiniões divergentes geraram alguma polémica no espaço público regional. Os contornos são conhecidos e, sobre eles, nada tenho a opinar.
Pode gostar-se mais, ou menos, das construções literárias e das narrativas de Joel Neto, mas quem tem por hábito a leitura reconhece valor à sua estética e não lhe fica indiferente. Não li toda a obra do Joel, mas li todos os seus livros publicados desde que regressou aos Açores e, apesar do que politicamente nos separa, reconheço o seu valioso contributo para as letras açorianas, como, no passado, tive oportunidade de tornar público.
Li, reli, e fiquei sem compreender algumas das reações negativas ao livro. A estória é apenas a constatação de uma realidade que afeta um número considerável de açorianos, sem acusações diretas a esta ou àquela formação partidária, a este ou a outro governo regional, aliás o “pecado” do Joel, a existir, está ancorado nas generalizações, quando atribui aos políticos a responsabilidade por uma situação que nos envergonha e que a autonomia regional não resolveu. Nem todos os partidos e protagonistas políticos têm responsabilidade direta pelo retrato dramático, mas pouco conhecido, que o Joel Neto procura dar a conhecer, em forma de novela, e que tanto alvoroço provocou.
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Já referi que alguns dos atuais protagonistas do poder executivo pertencem a um partido que governou durante vinte anos, mas aquele que é hoje o maior partido da oposição fofinha governou vinte e quatro. É, por conseguinte, legítimo inferir que nestes quarenta e sete anos de autonomia constitucional a responsabilidade pela dramática situação social e económica de muitos milhares de açorianos vai por inteiro para o PSD e para o PS.
Não há uma varinha de condão para resolver, no curto tempo da governação do atual governo, os problemas que o retrato escrito Joel Neto expõe. As medidas para a resolução do problema, se é que se quer resolver, deveriam ter sido tomadas há muito.
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foto Aníbal C. Pires |
Ignorar e esconder a pobreza e a exclusão remetendo para as periferias as populações e afetar algumas migalhas do erário público, como se de esmolas se tratasse, não é solução. Não tenho soluções milagrosas, mas a intervenção multidisciplinar, a educação parental, a formação e a educação, o acesso ao trabalho com direitos (sem precariedade e com salários dignos), o fim da utilização indevida e generalizada dos “programas ocupacionais”, transformando-os no que realmente são: postos de trabalho efetivos; talvez se constituam como um bom princípio. É mais caro e, mais difícil viver nos Açores, os tais custos da insularidade que o discurso político abandonou, por isso foram criados complementos remuneratórios e apoios fiscais no princípio do século. Os custos do viver insular são permanentes, o que se esfumou foi o discurso político que sustentou a criação de apoios específicos que urgem em ser atualizados. Não é tudo, mas é uma prioridade.
Ponta Delgada, 05 de setembro de 2023
terça-feira, 5 de setembro de 2023
das leituras
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Excerto de texto para publicação na imprensa regional (Diário Insular) e, como é habitual, também aqui no blogue momentos
(...) Este texto não intenta, desde logo, alimentar qualquer polémica que é como quem diz atirar achas para a fogueira, já não tenho idade nem paciência para essas estéreis disputas e, por outro lado não pretende ser uma crítica literária, nem poderia, pois, não estou habilitado a fazê-lo. A leitura de “Jénifer, ou a princesa de França – As ilhas (realmente) desconhecidas”, aconteceu apenas por estes primeiros dias de setembro e não tendo sido estimulado pela controvérsia que gerou, não posso negar que essa foi, também, uma motivação, embora mais tarde ou mais cedo chegasse lá. Tenho uma longa lista de livros que aguardam a leitura e este ultrapassou alguns devido à polémica que a sua publicação gerou e que, sem dúvida, ajudou a popularizá-lo. (...)
sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Conceição Matos - a abrir setembro
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Conceição Matos - imagem retirada da internet |
Conceição Matos - imagem retirada da internet
"Mulher de rara fibra, de muita coragem e grande dignidade, Conceição Matos cativa pela doçura. Resistente contra a Ditadura e militante do PCP, ficou especialmente conhecida pelas humilhações e torturas a que foi sujeita pela PIDE, na sua prisão."