Os espaços públicos na proximidade do mar têm valor em si mesmo. Procuramos a praia para usufruir de um banho de mar, de um pouco de Sol, de uma esplanada pela manhã, ao fim da tarde, à noite. O encanto da beira-mar reside no que é natural, mormente, nos sons.
Como muitos outros cidadãos procuro junto ao mar alguns momentos de serenidade e de fruição do que a natureza tem para oferecer e diga-se que por estas latitudes ela foi bem pródiga. Há algum tempo um visitante expressava todo o encantamento que sentiu, após uns dias de estadia nos Açores, desta forma singela: - “Deus passou por aqui”. Esta expressão, simples na figura de estilo mas profunda no conteúdo, diz bem como os Açores foram bafejados por um património natural invejável e singular.
Um destes dias fui à procura do sossego do fim de tarde num espaço público junto ao mar. Como companhia um livro e determinado com o enorme desejo de fruir da luz aprazível do crepúsculo, da suavidade do marulhar das ondas espraiando-se de encontro à ilha. Ia preparado para outros sons, sons de conversas sussurradas a entrecortar as toadas do entardecer de um dia de Verão. Não ia era preparado para os ruídos que brotavam de um equipamento de difusão de música instalado naquele espaço que, julgava eu, não necessitaria mais do que a sua própria privilegiada localização para atrair pessoas (clientes). Olhei ao redor e não me pareceu, na expressão de quem por ali estava, que a “música” que nos era oferecida fosse do agrado de alguém, não pela “música” em si mesmo, mas por que “aquilo” estava a mais e feria de morte os naturais ruídos de um fim de tarde à beira mar.
As ondas da modernidade bacoca que varre a Região aculturam as gentes, moldam os comportamentos e deformam a paisagem da qual os sons também são parte.
Como muitos outros cidadãos procuro junto ao mar alguns momentos de serenidade e de fruição do que a natureza tem para oferecer e diga-se que por estas latitudes ela foi bem pródiga. Há algum tempo um visitante expressava todo o encantamento que sentiu, após uns dias de estadia nos Açores, desta forma singela: - “Deus passou por aqui”. Esta expressão, simples na figura de estilo mas profunda no conteúdo, diz bem como os Açores foram bafejados por um património natural invejável e singular.
Um destes dias fui à procura do sossego do fim de tarde num espaço público junto ao mar. Como companhia um livro e determinado com o enorme desejo de fruir da luz aprazível do crepúsculo, da suavidade do marulhar das ondas espraiando-se de encontro à ilha. Ia preparado para outros sons, sons de conversas sussurradas a entrecortar as toadas do entardecer de um dia de Verão. Não ia era preparado para os ruídos que brotavam de um equipamento de difusão de música instalado naquele espaço que, julgava eu, não necessitaria mais do que a sua própria privilegiada localização para atrair pessoas (clientes). Olhei ao redor e não me pareceu, na expressão de quem por ali estava, que a “música” que nos era oferecida fosse do agrado de alguém, não pela “música” em si mesmo, mas por que “aquilo” estava a mais e feria de morte os naturais ruídos de um fim de tarde à beira mar.
As ondas da modernidade bacoca que varre a Região aculturam as gentes, moldam os comportamentos e deformam a paisagem da qual os sons também são parte.
2 comentários:
“De alguma forma todos nós ouvimos uma música interior que nos põe em harmonia com o que nos rodeia. Cada um ouve e sente a sua própria música e cada um ouve também o silêncio. É o silêncio na música que suspende e prolonga o tempo da emoção. Sem o silêncio a separá-las, as quatro primeiras notas da quinta sinfonia não teriam o mesmo significado.
Há coisas que só podemos perceber na ausência das mesmas... Sem silêncio, também não haveria música. E a música existe em cada um de nós.”
Texto de Laurent Filipe, Músico
Retirado do livro "Um Minuto de Silêncio"
Nunca é demais reflectirmos...
margarida
Viva,
Premiozinho para o Momentos no Activismo de Sofá:
http://www.activismodesofa.net/2009/08/comprometidos-y-mas-2009.html
Cumprimentos,
JRV
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