segunda-feira, 2 de abril de 2012

Boletins e sínteses

Os boletins económicos do Banco de Portugal (BdP) têm a virtude de vir confirmar o que todos sabemos e sentimos, excluindo claro o governo e os seus indefetíveis apoiantes, a recessão em 2012 vai ser superior à estimada pelo super Vítor e 2013 vai ser, para já e segundo o BdP, de estagnação.
A distribuição do Boletim Económico do BdP é assim como a confirmação de uma evidência observada, um diagnóstico que já todos conhecemos. O que o BdP não indica são as terapias, limita-se a reproduzir o receituário prescrito, farmacopeia que já se revelou inadequada, em Portugal e no Mundo, europeu ou mais a Sul mas, é sempre bom saber, digamo-lo, é confortável ter conhecimento que os milionários administradores do BdP relacionam a diminuição dos rendimentos do trabalho com uma acentuada diminuição da procura interna e, que este facto é o principal responsável pela recessão económica. O consumo privado desceu em 2011 e 2012 e a tendência mantém-se para 2013, o crédito só para a empresas com ligações externas, ainda assim valha-nos o aumento das exportações que mitigam a difícil situação económica mas, também elas não crescerão tanto como se verificou em 2011, isto claro devido a um quadro internacional desfavorável.
A leitura do Boletim Económico de Primavera, o do Inverno também, proporciona sempre uma boa leitura e uma grande satisfação. Eles sabem mas não querem!
E depois temos o super Vítor e o extra super Passos, secundado pelo apêndice Portas, a propósito onde está o ministro dos Negócios Estrangeiros, se encontrarem o Wally partilhem a sua localização no Facebook, se tiverem dificuldades não se preocupem ele acabará por aparecer, não poucas vezes, nos Açores. Os super e os extra super dizem que não, as projeções do BdP para 2012 e 2013 são pessimistas e lá vão abrindo caminho para, havendo necessidade, arranjar mais umas medidas de austeridade, o Boletim Económico do BdP também tem esta serventia, a de preparar caminho, a bem dizer, conformar consciências para a necessidade de mais uns roubos por via fiscal ou salarial.
Os estudos prospetivos têm o valor que lhe quisermos dar, são assim como uma espécie de arte da adivinhação pois, quer em 2012, quer em 2013, só se verificarão as projeções agora tornadas públicas pelo BdP se nada acontecer, se nada fizermos para contrariar este futuro que nos apresentam como se de uma fatalidade se tratasse.
Por outro lado temos os estudos retrospetivos cuja fiabilidade depende da metodologia utilizada mas, sobretudo do ponto de vista de quem os produz ou, se quiserem de quem os paga, e a realidade pode ser bem diversa da que nos é transmitida. Temos ainda a informação estatística que, não sendo como o algodão, é a que menos engana, são os dados mais consistentes, mesmo tendo, como tudo o resto, leituras diversas são, ao fim e ao cabo, os que melhor traduzem a realidade.
A Direção Geral do Tesouro publica uma síntese com dados da execução orçamental, não são premonições, da sua análise podemos constatar que nos Açores nos meses de janeiro e fevereiro de 2012 as receitas fiscais caíram significativamente, a cobrança do IRS diminuiu 2,5%, a cobrança de IVA diminuiu 12,3% e as contribuições para a Segurança Social registaram uma diminuição de 25%. A tendência de quebra de receitas e de diminuição das contribuições para a Segurança Social verifica-se no país. Já se sabe.
O que comprova que as medidas de austeridade, os sacrifícios pedidos e ainda aceites de bom grado por muitos portugueses, de nada servem. Com a diminuição da receita pública longe está a consolidação orçamental e a redução do défice.
Ponta Delgada, 01 de abril de 2012

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário, 02 de abril de 2012, Ponta Delgada 

1 comentário:

MILHAFRE disse...

Realmente a situação em Portugal é duma injustiça atroz.

«Sucialismo» para a nomenklatura do regime, sediada no eixo Lisboa/Cascais, passando pelas famosas Quintas da Marinha, do Lago e da Coelha; e «capitalismo selvagem» para os desfavorecidos e para os mais vulneráveis da sociedade.

Castiga-se as autarquias, as regiões autónomas e os trabalhadores (dependentes e independentes) mas não se mexe nos privilégios dos que raptaram as funções do Estado para seu usufruto privado.

Neste cenário, os Açores, como comunidade insular, abandonada através dos séculos, por um poder centralista e colonialista, está de novo a sofrer as consequências duma governação portuguesa cleptocrática e «sucialista» (de súcias...).

Todos nós, cidadãos nascidos ou residentes nestas 9 maravilhosas Ilhas, não somos demais para fazer frente a este «sucialismo de Estado», que pune os pobres, retira abonos de famílias a agregados com carências, e por outro lado «injecta» os impostos no falido BPN, nas PPP's e numa série infindável de estruturas ao serviço da fidalguia dos negócios e da trapaça.

PS: Aproveitamos a oportunidade para informar V. Exª. que está no «ar» um novo blogue de temática açoriana, vocacionado para a defesa dos direitos históricos, das tradições e cultura do Povo Açoriano.

Cumprimentos,

Milhafre