quarta-feira, 17 de setembro de 2014

SATA, notas soltas

Foto - Aníbal C. Pires
A necessidade de renovação da frota de longo curso da SATA Internacional tem sido demonstrada à saciedade nos últimos meses. E não se trata de preocupações decorrentes da segurança do voo, a segurança está garantida pelo exercício das competências, reconhecidamente de excelência, dos seus pilotos e do cumprimento estrito da legislação que regula esta atividade. Julgo que quando a opinião pública se levanta em coro colocando em causa as lutas, nem sempre associadas a questões salariais, dos pilotos, tripulantes de cabine, técnicos de manutenção e pessoal de assistência em terra, deveria ter em consideração que a segurança em voo depende desses trabalhadores e que são eles que a garantem, não é administração, nem a tutela. Talvez alguma moderação, designadamente dos órgãos de comunicação social, fosse mais avisada do que as manchetes despropositadas, mas bem pagas, que em tempo de conflitualidade no seio do Grupo SATA mais não pretenderam do que linchar na praça pública os trabalhadores da transportadora aérea regional. 
A SATA Internacional necessita, não pelas evidências dos últimos dias e meses mas de há muito tempo, se quiser continuar a integrar no seu core business as ligações com os Estados Unidos e Canadá, de renovar a frota de longo curso. Não é de agora, é de há muito tempo, que os trabalhadores da SATA têm vindo a alertar a administração e a tutela dessa necessidade. Pelo já longo tempo de vida das aeronaves e o custo que está associado à manutenção e reparação de avarias, que naturalmente se tornam mais frequentes, pela imposição de utilização de novos sistemas de navegação para a travessia transatlântica, já a partir do próximo ano, mas também por uma questão concorrencial, como sejam os custos associados ao combustível. Por um lado o pagamento de penalizações e, por outro o elevado consumo quando comparado com aeronaves de nova geração.
Pelo exercício das minhas funções políticas, mas não só por isso, mantenho contatos regulares com muitos trabalhadores da SATA e, mais do que preocupações com as suas carreiras e direitos o foco das suas apreensões é o Grupo SATA e as empresas que o integram. Inquietações quanto ao futuro, onde desde sempre se integrou, a necessidade de renovação da frota de longo curso, mas também a sua sustentabilidade e o seu potencial para gerar fluxos financeiros para o Grupo, o mesmo é dizer receita para a Região. Potencial que tem sido desperdiçado.

Foto - Aníbal C. Pires
Aguardo com algum expetativa que nas próximas semanas seja divulgado o Plano de Exploração 2015/2020. Plano que, segundo Vítor Fraga, “(…) se pretende que corporize uma estratégia que seja assumida por todos, acionista, gestão de topo e colaboradores, englobará, para além do plano de negócios, o plano de sustentabilidade económico-financeiro, o processo de renovação da frota e ainda o plano de desenvolvimento e qualificação de recursos humanos (…)”. O nosso povo diz que tarde é o que nunca chega, não tenho a certeza de que, neste caso se aplique a sabedoria popular. As medidas avulsas que foram tomadas ao longo dos últimos anos, a redução da atividade operacional, as intermitências operacionais, as novas obrigações de serviço público, a liberalização de algumas rotas na ligação com o exterior, de entre outras variáveis, deixam-me algumas dúvidas sobre o que o dito popular significa, talvez seja tarde. Mas, como disse, vou aguardar pelo tal Plano de Exploração do Grupo SATA, e confiar. Confiar nos seus trabalhadores que garantem, esses sim, a segurança da operação da SATA Air Açores e da SATA Internacional.
Ponta Delgada, 16 de Setembro de 2014

Aníbal C. Pires, In Diário Insular et Açores 9, 17 de Setembro de 2014 

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