sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

As rotas com OSP, a TAP e a SATA

Foto - Aníbal C. Pires
A notícia, ainda não confirmada, de que a TAP não tem intenção de concorrer às rotas sujeitas a Obrigações de Serviço Público (OSP) entre os Açores e o continente português está a originar algum descontentamento.
No Faial, no Pico e em Santa Maria têm-se levantado algumas vozes contra esta, ainda não anunciada, intenção da transportadora aérea nacional.
Após o êxtase coletivo da liberalização de algumas rotas, das novas OSP e da entrada no “mercado” das transportadoras aéreas de “baixo custo” a malta está a cair na real, ou seja, com o novo modelo de transportes aéreos nem tudo são rosas.
Se alguém pensou que a TAP, face ao processo de privatização em curso, iria manter a mesma política para com as rotas dos Açores pensou mal, ou então tem andado muito distraído, mesmo considerando que no "caderno de encargos" as ligações com as Regiões Autónomas mereçam uma menção.
Tal como as transportadoras aéreas de “baixo custo” à TAP privatizada não interessam mercados com obrigações, interessa apenas e tão-somente o mercado.
A privatização da TAP é um erro, como foi a privatização da PT, dos CTT, da REN, etc., etc.
A SATA Internacional vê-se assim remetida para os restos do “mercado” regional, ou seja, para cumprir obrigações de serviço público e, se não houver uma adequação e redimensionamento da frota de médio curso, a sua capacidade para competir nas rotas liberalizadas e outras, como a ligação a Cabo Verde, fica limitada. Essa limitação poderá ser impeditiva da necessária recuperação financeira do Grupo SATA e, em boa verdade, aliás como já se começa a perceber, a SATA tem todas as condições para poder vir a ficar com uma fatia substancial do mercado das rotas liberalizadas. A capacidade instalada é que pode não ser suficiente ou a mais adequada para os desafios que se colocam no imediato ao Grupo SATA.
Foto - Aníbal C. Pires
O esperado abandono, pela TAP, das rotas do Faial, do Pico e de Santa Maria tornam evidente, para quem não tem essa consciência, a importância da manutenção das transportadoras (regional e nacional) aéreas públicas e, no caso vertente, torna por demais evidente a importância da SATA como instrumento fundamental para o desenvolvimento dos Açores e para a coesão social e territorial.
Os adeptos da liberalização vão continuar a insistir nas vantagens do novo modelo que, como todos já perceberam, foi desenhado não para garantir e melhorar o direito à mobilidade dos residentes mas para viabilizar um modelo de turismo desadequado ao destino Açores. Por outro lado, como também se vai percebendo, o novo modelo de transportes aéreos para Região serve um só destino. A concentração do destino Açores apenas numa ilha não serve os propósitos autonómicos do desenvolvimento harmonioso, nem tão pouco servirá a própria ilha de S. Miguel.

Angra do Heroísmo, 27 de Fevereiro de 2015

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