quarta-feira, 11 de setembro de 2013

E o novo se fez velho

Em Novembro de 2012, aquando da apresentação, discussão e aprovação do programa do XI Governo Regional, fiquei estupefacto com o discurso de apresentação do programa para o setor da Educação. Pensei para comigo, isto não pode ser só o desconhecimento de Fagundes Duarte transformado num texto literário. Então e o passado que tanto orgulha o PS!? Alguém se esqueceu de fornecer a Fagundes Duarte o rol de “sucessos” do PS no setor da educação, pensei eu.  
O novel Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura foi além, muito além das minhas expetativas, talvez por serem muito baixas, as expetativas. Na realidade não esperava nada de novo para o setor, conhecia o programa eleitoral do PS e conhecia a atuação política de Fagundes Duarte, enquanto deputado na Assembleia da República, designadamente no desempenho do seu papel de apoiante convicto de Maria de Lurdes Rodrigues, à data Ministra da Educação nos Governos de José Sócrates, conhecia-o também, pela leitura da opinião publicada onde era evidente a sua profunda aversão aos Sindicatos dos Professores, em particular à FENPROF e a Mário Nogueira.
No discurso de apresentação do Programa do XI Governo Regional, Fagundes Duarte agradou às Escolas, aos Sindicatos e aos educadores e professores, discurso que o terá colocado um nível acima do habitual estado de graça que mesmo os mais incrédulos costumam conceder aos novos governantes, sejam eles de novos ou velhos governos.
Fagundes Duarte anunciava a rutura com o passado, renegava tudo o que Álamo Menezes, Lina Mendes e Cláudia Cardoso tinham “construído”. O Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura anunciava ali, da tribuna da Sala de Sessões da ALRAA, a implosão do edifício legislativo construído ao longo de 16 anos pelo PS. Fagundes Duarte não iria deixar pedra sobre pedra do Sistema Educativo Regional.
Passado um ano e, algumas alterações cirúrgicas no Estatuto do Aluno e na Autonomia e Gestão das Unidades Orgânicas nada se passou de relevante, afinal Fagundes Duarte não passou das palavras de circunstância, isto no que concerne à Educação, porque em relação à Ciência, com exceção do litígio com os bolseiros de investigação científica, não se passou rigorosamente nada, mesmo nada. Como nada aconteceu em matéria de política cultural. É caso para dizer: “e o novo se fez velho.”
Nestes primeiros meses de mandato a avaliação de Fagundes Duarte é francamente negativa. E não há inauguração de Escola que o disfarce mesmo que seja a da Ponta da Ilha, onde Vasco Cordeiro foi dar uma mãozinha ao fragilizado candidato do PS, à Câmara Municipal das Lages do Pico. Discreta, mas uma ajudinha.   
Angra do Heroísmo, 09 de Setembro de 2013

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 11 de Setembro de 2013, Angra do Heroísmo

1 comentário:

Adérito disse...

Embora um pouco tardio, dou-lhe os parabéns pelo seu artigo. No entanto devo realçar, que o que diz, está sempre actual, tanto para falar das últimas eleições, como alertar para as próximas e para as outras...