quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Contracorrente

Donald Trump - imagem retirada da internet
Tenho ouvido e lido muitos dislates sobre as eleições nos Estados Unidos e, em particular, sobre o controverso presidente eleito, produzidos por uma suposta intelectualidade de esquerda que prolifera por aí. Tenho andado a evitar o tema porque tenho outras prioridades e, depois porque ao contrário da opinião dominante julgo que não tem tanta importância assim que o Presidente dos Estados Unidos seja Donald Trump ao invés de Hillary Clinton, aliás, dos dois, Trump será certamente o mais autêntico, isto para além de ser um outsider do sistema político estado-unidense o que torna tudo ainda mais interessante.
Nestas eleições presidenciais diria que ganhou a boçalidade ao discurso envernizado e politicamente correto, ganhou o outsider ao candidato do sistema. E se é verdade que não foi a maioria dos eleitores que elegeu Trump, não deixa de ser menos verdade que foram os mecanismos “democráticos” do sistema eleitoral estado-unidense que lhe permitem ser o próximo Presidente dos Estados Unidos.
Mas o que é que vai ser diferente na política interna e externa dos Estados Unidos com Donald Trump, Pouco ou nada apesar de tudo o que, enquanto candidato, disse e se propôs fazer o agora presidente eleito. Os poderes presidenciais não são ilimitados e o Congresso e a Câmara de Representantes, mas sobretudo os interesses que ali estão representados, encarregar-se-ão de manter os devaneios de Trump devidamente controlados.

Barack Obama e Hillary Clinton - imagem retirada da internet
Não tenho, obviamente, nenhuma simpatia por Donald Trump e abomino as suas ideias e o seu estilo grosseiro, mas vejamos o que aconteceu nos Estados Unidos e no Mundo durante o consulado do simpático e idolatrado Barack Obama. E vamos começar, sem ser exaustivo, pelo que é positivo e evidente, a aproximação a Cuba, ainda assim não foi posto fim ao bloqueio económico imposto pelos Estados Unidos àquele pequeno país das caraíbas, o “Obama Care” que, sem dúvida melhorou o acesso dos cidadãos aos serviços de saúde.
Mas e tudo o resto, também ser exaustivo, a classe média nos Estado Unidos viu o seu rendimento diminuir, existem atualmente 47 milhões de pobres, a inflação subiu, atualmente os Estados Unidos intervêm militarmente em 7 países, estiveram na origem da chamada “primavera árabe” e com isso catapultaram os fundamentalistas islâmicos para o poder e foram decisivos na criação do o auto denominado Estado Islâmico. Digamos que isto é o que Hilary subscreve e que aconteceu durante o consulado de Obama. Quando alguém, que até admiro, vem dizer que Donald Trump trouxe violência e intimidação sobre os mais desprotegidos para o discurso político, terei de questionar, E como é que se designam os efeitos das políticas internas que produziram mais pobreza e desemprego para a população dos Estados Unidos e como é que pode ser adjetivada a continuada ingerência externa deste país no Mundo, em particular no médio oriente, com todo o sofrimento que causa e causou nas populações afetadas. Isto aconteceu no consulado de Obama com o apoio de Hillary Clinton.
Se Trump é uma espécie de encarnação do demónio, Obama e Hillary não são propriamente a encarnação de Jesus Cristo e da Madre Teresa de Calcutá.
Ponta Delgada, 17 de Janeiro de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 18 de Janeiro de 2017

1 comentário:

Unknown disse...

Demonstra a tua capacidade de síntese e bem humorada da coisa!