Foto by Aníbal C. Pires |
É redutora porque o sexo não se limita à reprodução da espécie. Não há reprodução sem sexo, já nem sequer é bem assim, mas há sexo, muito mais sexo, sem reprodução e, como tal, à escola, ainda que de forma transversal, cabe construir uma abordagem ancorada numa narrativa que acompanhe os tempos. Educar para evitar a gravidez precoce e as doenças sexualmente transmissíveis (DST) são dois objetivos que, só por si, justificam a Educação Sexual em ambiente escolar. Se a educação desta temática pode ser feita no seio da família, pode. Pode, mas não acontece. Todas os preceitos têm exceções e, neste caso, também se verificam e, não tenho dúvidas que no seio de muitas famílias o tema é devidamente tratado e, se o for em articulação com a Escola, tanto melhor, por outro lado para as crianças e jovens cujas famílias não cumprem esta obrigação, então ainda mais pertinente se torna a abordagem da Educação Sexual em meio escolar.
Mas a Educação Sexual não se limita apenas ao ensinamento de técnicas de prevenção, sejam da gravidez precoce ou não desejada, seja das DST, a Educação Sexual não é um conteúdo puramente biológico e existem um conjunto de outras premissas que justificam a sua inclusão na Escola, desde logo, porque a escola tem um papel importante a cumprir na formação de crianças e jovens e na articulação com as famílias, mas também porque a sexualidade faz parte da vida, do corpo, das relações interpessoais, do crescimento pessoal e da vida em sociedade.
Imagem retirada da internet |
Se outros não houvera, estes princípios orientadores julgo serem suficientes para justificar a abordagem da sexualidade na Escola. Não tenho, contudo, ilusões quanto às dificuldades existentes. A passada semana numa reunião na Escola onde trabalho dizia uma querida colega, (…) vieram aí falar com os alunos sobre sexo anal e oral, não sei para quê. No meu tempo sexo anal era uma coisa só de maricas (…). Preconceitos para ultrapassar e docentes para formar, direi eu.
Ponta Delgada, 02 de Abril de 2017
Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 03 de Abril de 2017
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