Imagem retirada da internet |
O poder e o poderio militar dos Estados Unidos não residem apenas no presidente. As decisões militares estão protocoladas e, não sendo propriamente resultado de uma decisão coletiva, não dependem de um homem só. Por outro lado, a atuação dos Estados Unidos nos recentes ataques à Síria e ao Afeganistão contraria o discurso antissistema feito por Donald Trump durante a sua campanha eleitoral, ou seja, este não é um comportamento esperado. As ações bélicas dos Estados Unidos enquadram-se no tal sistema do qual Trump se procurou demarcar durante a campanha eleitoral. Ou Donald Trump encenou toda a sua campanha eleitoral, ou o sistema já o recrutou.
Quanto às ameaças e à mobilização de meios no que à questão coreana diz respeito, não separo o Norte do Sul porque considero que o problema diz respeito a todos os coreanos, trata-se da habitual encenação anual, desta vez com um discurso mais radical, mas que o arsenal nuclear coreano tem evitado que se passem das palavras à ação.
Não é a primeira vez que teço algumas considerações sobre o atual Presidente dos Estados Unidos e, numa leitura mais superficial, poderá parecer que existe alguma identificação política com o que ele pensa e defende. Nada disso. O que procuro fazer é uma reflexão sobre a realidade face ao conhecimento que disponho, que não é muito aprofundado, da política externa e interna dos Estados Unidos, da história mundial, da geografia política e económica e, dos poderes que verdadeiramente determinam as decisões políticas estado-unidenses. Apenas isso, o que já não é pouco.
A sociedade estado-unidense foi construída e alimentada com base em representações de sucesso individual. Esta construção social produz algumas distorções da realidade e induz, dentro e fora dos Estados Unidos, leituras e análises que reduzem factos construídos por grupos a atos puramente individuais. Tenho algumas dúvidas que os assassinatos de John Kennedy, do seu irmão Robert e, de Martin Luther King tenham sido planeados e executados apenas pelo seu autor material. Outros exemplos se podem aduzir aos anteriores como seja o atentado terrorista contra edifício do FBI em Oklahoma City. Encontrado um responsável a opinião pública descansa sobre o assunto e não faz mais perguntas. Simples.
Mas os Estados Unidos na sua saga de promoção da atomização produzem também super-heróis, os da banda desenhada e os do cinema. Com ou sem superpoderes todos conhecemos as histórias de um homem só a resolver os problemas que dizem respeito a todos na eterna luta do bem contra o mal. Todos nós consumimos, em determinado momento das nossas vidas, essa doutrina da qual não é fácil libertarmo-nos.
George Clooney e Amal Alamuddin - imagem retirada da internet |
E assim vai caminhando o Mundo com rumo traçado por Hollywood.
Ponta Delgada, 16 de Abril de 2017
Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 17 de Abril de 2017
Sem comentários:
Enviar um comentário