sábado, 9 de setembro de 2017

... infinito enquanto dure

Foto by Aníbal C. Pires









Excerto de um trabalho em permanente construção.







"(...) É casado, foi à igreja e cumpriu todos os formalismos, mas quando fala do seu estado civil diz que vive em união de facto. E di-lo porque considera que a expressão encerra, em si mesmo, muito mais amor e liberdade do que a designação que se dá ao contrato social que amarra duas pessoas a uma vida em comum. E conclui, Há muitos casamentos que não são, de facto, uniões. Casamentos que apenas se mantêm para cumprimento do acordado perante os deuses e os homens, pelas crianças, pela família, pela aparência, por milhões de outras razões, mas sem aquilo que deve unir, de facto, duas pessoas durante a vida ou, parte dela, O amor. 
Amor que, como diz Vinicius de Moraes num dos seus mais conhecidos poemas, deve ser “… infinito enquanto dure.”  
Pensando bem, mesmo sem lhe ouvir outros argumentos sobre o assunto, o Mário tem alguma razão, embora isto de razões valha o que valha e cada um tem as suas. A afirmação não se poderá generalizar, pois não faltam por aí casamentos que, como ele também reconhece, são verdadeiras uniões de facto. Mas o Mário tem destas coisas e por isso há quem o considere detestável e quem o admire profundamente. E ele gosta. Diz mesmo que lhe dá um certo gozo sentir que divide as opiniões e que provoca sentimentos contraditórios. Nem sempre foi assim como também me confessou. Houve tempos em que se preocupava com a imagem que sobre si poderia ser construída, mas a vida transformou-o (...)

3 comentários:

Maria Margarida Silva disse...

Gostei do texto! Não quero dizer com isto que não senti o mesmo por muitos que tens escrito, ao longo da tua vida, mas há os que não leio, porque nem sempre estou atenta e surgem aqueles que me tocam duma forma mais especial, como este! Que têm a ver com a minha forma de pensar, com as minhas vivências, com a forma como encaro a vida, tão complexa e tortuosa! Porque me revejo nele. Aliás, concordo com o que o teu amigo Mário diz sobre o casamento, “porque há muitos casamentos que não são, de facto, uniões.” Tudo, menos isso! Casamentos que se mantêm pelas mais diversas razões, entre elas, a aparência. E depois, fala do amor que como o poeta Vinicius de Moraes diz e referes “… que seja infinito enquanto dure.”
Amor não acaba! É infinito, enquanto nós nos sentimos vivos para vivê-lo e senti-lo. Senão, não é Amor! É paixão. Curtição, como lhe chamam os brasileiros ou outra coisa qualquer.
Tudo, menos Amor!
Uma opinião que vale o que vale, mas a vida ensina-nos muito, como bem sabes, e nem sempre o que com ela aprendemos reverte a nosso favor, mas não deixa de contribuir, um pouco mais, para o nosso saquinho de sabedoria inesgotável.
Felizes aqueles que conhecem e saboreiam este sentimento tão belo que é o Amor!
Um abraço e até já!

Margarida

Aníbal C. Pires disse...

Olá Margarida,

Ainda o não tinha feito, mas vai ser hoje.
Quero saudar e agradecer o teu regresso aos comentários do "momentos".

Sem os teus comentários o "momentos" não é a mesma coisa. Fica mais pobre.

Percebo e, sobretudo, compreendo a tua ausência, mas é bom ter-te de volta, ainda que seja esporadicamente.

Beijinhos Margarida e tudo de BOM

Solidários na Verdade disse...

De facto há casamentos por e com amor que duram muito e são, só por isso, o amor de uma vida e há aqueles que são meras convenções e aparências sociais.
Julgar a união de um homem e de uma mulher menos digna só porque não foi sujeita a um contrato social ou abençoada num sacramento da Igreja é uma enorme arrogância de quem julga. O problema é que há muita exclusão e preconceito que afastam e fazem sofrer quem decide amar de forma diferente.