segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Castelinho de Santa Clara

A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores aprovou, por unanimidade, uma Proposta de Resolução apresentada pela Representação Parlamentar do PCP.
A recomendação aprovada visa garantir que sejam tomadas medidas de protecção expeditas e eficazes para o imóvel conhecido como o “Castelinho de Santa Clara”, na Freguesia de Santa Clara, Concelho de Ponta Delgada, tendo em conta o avanço do processo de degradação a que de há muito está sujeito. Trata-se de um pequeno forte de defesa costeira, que está situado no núcleo primevo da ocupação da cidade de Ponta Delgada, estando nas imediações quer da Ermida de Santa Clara, quer da ponta delgada de onde a cidade recolheu o seu nome.
Estas fortificações desempenharam, em diversos momentos da nossa história, um importante papel na defesa das ilhas e da sua população contra invasões e rapinas, transportam, por isso, uma importante carga simbólica e cultural específica da nossa identidade insular, que é património das gerações presentes e futuras de açorianos.
Existe, claramente, um valor patrimonial significativo a proteger, facto que é confirmado, nomeadamente, pelo relatório da vistoria efectuada pela Direcção Regional de Cultura no ano de 2006. No entanto, segmentos da história da sua fundação, vicissitudes e substrato arqueológico são mal conhecidos, daí que se recomende também a promoção dos estudos necessários para uma melhor compreensão da sua importância.
A área da Freguesia de Santa Clara está num processo de profundas transformações urbanas, com grandes alterações nas suas funcionalidades, com a deslocalização de alguns equipamentos estruturantes e existindo projectos de implantação de outros. Nesta importante dinâmica de renovação urbana da zona ocidental de Ponta Delgada, o Castelinho de Santa Clara poderá ser ameaçado pela implantação de outras estruturas que, de forma definitiva, poderiam destruir em parte, ou na totalidade, vestígios significativos da sua memória. Resultando, daí a importância da elaboração de um plano de salvaguarda que assegure, também, a protecção da sua envolvente.
A valorização e protecção do Castelinho impõem-se com importância acrescida, podendo ter um efeito que extravasa a simples conservação do edificado. A preservação da nossa memória é condição primeira da construção da nossa identidade.
Aníbal C. Pires, IN Açoriano Oriental, 27 de Abril de 2009, Ponta Delgada

1 comentário:

Maria Margarida Silva disse...

O conceito de preservação e conservação é, por si só, bastante complexo, pois trata-se de um conceito em elaboração e em permanente transformação que deve necessariamente ser pensado caso a caso e sob o ponto de vista de cada uma das suas especificidades.
Tratar da recuperação material de edifícios históricos num país que enfrenta dificuldades sociais e económicas, por um lado, parece uma incoerência, mas não nos podemos esquecer de que não deixa de ser uma questão importante por que devemos lutar. Esse património faz parte da nossa identidade, das nossas raízes e do legado cultural que devemos transmitir às gerações futuras.
Preservar é premente e vital. Disso depende a nossa memória e, consequentemente, a nossa identidade cultural!
Beijinhos e continua com essa FORÇA!