sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ruptura e mudança

Os Açores dispõem hoje de diversos meios e instrumentos financeiros, nomeadamente os provenientes de financiamentos comunitários, que se têm mostrado necessários ao seu desenvolvimento, todavia, aos grandes fluxos financeiros não têm correspondido as opções políticas que derrubem os crónicos problemas que caracterizam a economia regional, periférica e dependente, nem resolvido por inteiro as questões da mobilidade e do direito ao não isolamento dos cidadãos.
A prossecução do desígnio autonómico, entendido enquanto aprofundamento da democracia participativa e representativa, tem permitido encontrar soluções positivas para as questões que se colocam à nossa Região, porém, tal não pode ocultar muitas das deficiências, atrasos e problemas sentidos pelos açorianos. Problemas e dificuldades resultantes de políticas, regionais e nacionais, com a mesma matriz neoliberal e que confundem crescimento económico com desenvolvimento.
O país encontra-se em fase de avaliação das políticas e das práticas de exercício do poder que ao longo de quatro anos e meio o governo do PS de José Sócrates protagonizou. A apreciação é negativa.
Os portugueses foram fortemente penalizados, diria mesmo fustigados pela obsessão do défice que tudo justificava e para que nada serviu. Os efeitos da crise financeira que há muito se desenhava esboroaram todos os argumentos que sustentavam o pedido de sacrifícios aos mesmos de sempre.
Os salários não cresceram, a idade da reforma aumentou, a precariedade instalou-se, o desemprego cresceu, o endividamento das famílias subiu, como subiram os lucros da banca, as pensões de reforma nem para sobreviver quanto mais para viver com dignidade e, tudo isto, antes da crise porque depois só os argumentos se alteraram pois… em nome da crise continuaram a pedir aos mesmos que se sacrificassem e as desigualdades, a pobreza e a exclusão aumentaram, enquanto as grandes empresas do sector energético e financeiro continuaram a acumular lucros fabulosos que deveriam envergonhar um país onde o salário mínimo pouco vai além dos 400 euros mensais.
Neste contexto a economia regional fragilizou-se ainda mais sem que se tenham vencido os obstáculos que se colocam com o seu isolamento e ultraperiferia. As dificuldades de colocação dos nossos produtos nos mercados nacionais e internacionais em condições vantajosas causam a sua desvalorização e arruínam os produtores. Ao mesmo tempo, a atitude subserviente do Governo do PS permitiu que fosse aprovado pela União Europeia o fim das quotas leiteiras, que ameaça destruir a nossa principal produção.
A pesca continua a sofrer com uma gestão dos mares que entrega às grandes frotas industriais o melhor dos nossos recursos pesqueiros, à medida que vai reduzindo o rendimento dos pescadores açorianos e a dimensão da nossa frota. A redução da nossa Zona Económica Exclusiva das 200 para as 100 milhas poderá ainda ser mais agravada com a eventual entrada em vigor do Tratado de Lisboa, tratado tão aplaudido por PS, PSD e CDS-PP.
Os sectores emergentes continuam a ter um peso reduzido na economia dos Açores fruto dos elevados custos com o transporte aéreo e das dificuldades com que as pequenas e médias empresas do sector se debatem.
Estas são algumas das razões que, por si só, exigem a ruptura e a mudança.
Mudança de políticas mais do que alternância de protagonistas.
PS=> Em virtude do meu envolvimento directo nas eleições de 27 de Setembro suspendo, voluntariamente, a minha colaboração durante o período de campanha eleitoral correspondente.
Aníbal C. Pires, In Expresso das Nove, 11 de Setembro de 2009, Ponta Delgada

6 comentários:

J.S. Teixeira disse...

É bom saber que a CDU continua a crescer por todo o país.

Militantes do PS Seixal agridem e ofendem humoristas "Homens da Luta" na visita "relâmpago" de Sócrates ao Seixal. Conheçam os detalhes no blogue O Flamingo.

Abaço

maismeio.blogspot.com disse...

Caro Anibal Pires
Gostaria de ter o endereço do teu correio electrónico porque tenho uma proposta para analisares. Espero que tenhas um bom resultado, pois o teu trabalho em prol dos Açores e do seu povo é meritório.
manuelmelobento@gmail.com
abraço
manuelmelobento-melito

krakka12 disse...

Caro Anibal

Achei o cartaz da CDU Açores indicado para por as criancinhas a comer sopa.

Simplesmente sinistro.

Não há um sorriso das figuras nem qualquer sinal de simpatia.
Só trombas!

Assim, não se chega lá.

Aníbal C. Pires disse...

Caro(a) krakka12,

Tenho pena que não seja capaz de assumir a sua identidade mas isso, como sabemos é uma questão de atitude, não é uma questão de trombas.
Bem! Resolvi publicar o seu comentário apesar do anonimato com que insiste em participar neste blogue.
A sua opinião crítica é bem vinda e teremos, certamente, em consideração os seus comentários em próximos materiais de propaganda eleitoral, todavia, está a ser injusta o meu camarada esboça um ligeiro sorriso, as "trombas" são só assumidas por mim.
A situação do país não está para grandes sorrisos e a propaganda eleitoral cá para os lados da CDU procura ser séria, talvez por isso não tenha sido capaz de sorrir.
As nossas propostas não são para obrigar as criancinhas a comer a sopa.
As propostas da CDU são para que todas criancinhas tenham sopa para comer, casa para habitar, família, escolas, hospitais e que sejam felizes.
Quando assim for pode crer que o meu sorriso se abrirá.
Com os melhores cumprimentos,

krakka12 disse...

Para cativar há que sorrir.
A descontracção também faz parte da vida.

Quem olha para o cartaz e vê Dec Mota muito sério e o Anibal com ar zangado, recua logo.

Isto não tem nada a ver com a mensagem que tem sido transmitida, que me parece certeira.

Nestas coisas o marketing é fundamental.

Desculpe a da sopa, mas a intenção foi ajudar.

Sou apologista da discussão de ideias e não de pessoas. Assim sendo, não percebo em que medida é que o meu anonimato interessa.

Aníbal C. Pires disse...

Caro(a) krakka12,

Concordo consigo. O importante são as ideias mas... não considero que seja muito correcto que alguém se esconda por detrás de um nickname e não assuma a sua verdadeira identidade.
A minha foto não favorece mas se reparar bem imagem não é de um homem "zangado". Estarei com um "ar" demasiado" sério mas é só.
Como lhe disse aceito muito bem as criticas que me são dirigidas e uma vez mais agradeço.

Com os melhores cumprimentos,

Aníbal Pires