segunda-feira, 5 de maio de 2014

SATA 2014 - das intermitências operacionais e outras minudências


Foto - Aníbal Pires
A passada semana o Grupo SATA foi de novo alvo de várias notícias que dão conta, por um lado da preocupação da Plataforma Sindical em relação ao futuro de uma empresa do Grupo e às implicações que, seguramente, terão reflexo nas outras, por outro lado uma fonte, ou um “chafariz”, não identificada, do Conselho de Administração (CA) do Grupo SATA, também veio a terreiro afirmar que da parte dos trabalhadores da SATA existia “má vontade” na aceitação de trabalho, adiantando a tal fonte, mais à frente, que os trabalhadores só estavam a cumprir o que decorria do Acordo de Empresa.
Se é verdade que a Plataforma Sindical quer ver a negociação de 2014 fechada, tal como sucedeu em 2013, mas sem recurso a formas de luta para as quais, como todos nos lembramos, foram deliberadamente empurrados, vá-se lá saber com que finalidade, não é menos verdade que tem associado, desde sempre, às suas reivindicações a necessidade de que o Grupo possa ter uma estratégia de sustentabilidade operacional e financeira, preocupação que, em bom rigor, não tem sido acompanhada pela tutela e pelo CA do Grupo. 
Para os estrategas, para os mandantes e para os executantes da nova estratégia da SATA, as preocupações são bem diferentes e a comprová-lo aí está o caminho seguido e que tem como destino a chegada à falência operacional da SATA Internacional, que justificará a tal “reestruturação”, bastas vezes anunciada mas de todo, e de todos, desconhecida. “Reestruturação” para a qual a divulgação do Relatório de Contas de 2013, que se prevê para os próximos dias, também servirá de justificação.
Outra das notícias, já perto do fim-de-semana, anunciava o esperado há algum tempo. A Presidência do CA do Grupo SATA foi entregue a Luís Parreirão, nada de novo para quem tem seguido atentamente as “mudanças” na SATA.
Foto - Aníbal Pires
Voltemos, por agora, à notícia que tem por base a fonte do CA. Fonte que tinha por objetivo verter uma notícia inquinada na opinião pública regional, mas que afinal foi de uma limpidez cristalina. As relações de trabalho são reguladas, protegendo os interesses de quem emprega e de quem trabalha, não depende de boas ou más vontades, digo eu, que não sou especialista em direito de trabalho. A fonte afirmava que os trabalhadores estavam a cumprir estritamente o que decorre do Acordo de Empresa. Lá caiu por terra, uma vez mais, a tentativa de culpabilização dos trabalhadores da SATA pelas intermitências operacionais da SATA Internacional de que todos nos damos conta, intermitências operacionais que têm graves prejuízos diretos e indiretos para o Grupo SATA. O recurso a ACMI’s tornou-se regra, não há semana, em que alguns voos da SATA Internacional não sejam feitos sem o recurso a aeronaves e tripulações de outras companhias de transportes aéreos e, não estamos a falar de voos para a e Europa, para África, ou para o Brasil, são mesmo os voos das Obrigações de Serviço Público e os voos para os Estados Unidos e para o Canadá, por conseguinte os voos do novel “core business” da SATA Internacional.
Sabendo-se que a operação da SATA Internacional se tem vindo paulatinamente a reduzir é incompreensível que o recurso a ACMI’s se tenha tornado norma. É má vontade ou é falta de aeronaves, É má vontade ou falta de tripulantes. Falta de aeronaves não deve ser, digo eu, pois como é do conhecimento público um dos A320 da frota da SATA Internacional foi alugado a uma companhia estrangeira, se foi alugado é porque não era necessário para satisfazer as necessidades operacionais programadas. Falta de tripulantes, não tenho dúvidas que sim. De 2011 até à data a SATA Internacional perdeu 20% dos seus pilotos e face à instabilidade que se vive na empresa outros estarão, naturalmente, de saída.
Tudo isto me coloca, legitimamente, uma dúvida. Mesmo considerando que o acordo para 2014 se fechasse nos próximos dias, como é que a SATA Internacional irá realizar a operação de Verão se estamos agora no princípio da época alta e as intermitências operacionais são as que conhecemos. Se é assim na Primavera como será no Verão.
Horta, 04 de Maio de 2014

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário et Azores Digital, 05 de Maio de 2014 

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