segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A vergonha e os sem vergonha

O ocupante do Palácio de Belém empossou um governo a prazo e deixou o país suspenso num governo que se sabe precário. O prazo de durabilidade do governo aponta apenas para os próximos 8 ou 9 dias quando Cavaco Silva tinha outra opção. Uma opção duradoura e que reúne a vontade da maioria dos eleitores e dos deputados eleitos para representarem essa vontade de mudança e rutura. Mas não, Cavaco Silva optou pela instabilidade mantendo-se fiel aos seus amigos e aos interesses que eles representam. Cavaco Silva, já o terei dito mas reitero afirmação, assumiu o papel de procurador dos mercados e de administrador delegado dos interesses estrangeiros em Portugal. Cavaco Silva há muito que deixou de ser o Presidente da República Portuguesa, se é que alguma vez o chegou a ser, para agora, despojado de qualquer pudor, assumir a sua verdadeira natureza política de vendilhão do povo português e de Portugal. Se estranho o comportamento de Cavaco Silva, Claro que não. Enquanto primeiro-ministro delapidou a economia nacional, ou o que dela restava, como Presidente da República deu cobertura aos mais diversos atentados à Constituição que jurou cumprir e fazer cumprir.
O tempo se encarregará de o remeter para o esquecimento e a história dele dirá que foi um dos principais responsáveis pelos retrocessos sociais e económicos que se verificaram em Portugal depois da Revolução de Abril de 1974. E sobre Cavaco Silva fico mesmo por aqui pois da poeira do tempo emergem outros factos por ele protagonizados em nome de Portugal português e que nos envergonham enquanto povo.
Sem vergonha são-no também os dirigentes dos Estados Unidos e Israel que de entre os 193 países representados nas Nações Unidas foram os únicos a votarem a favor da manutenção do bloqueio a Cuba, desta vez nem se verificaram abstenções. Esta foi a 24.ª decisão das Nações Unidas sobre o fim do bloqueio a Cuba e ocorreu no passado dia 27 de Outubro.
Mas sem vergonha são-no também as instâncias da União Europeia que, apesar dos países que a integram votarem a favor do fim do bloqueio, mantém em vigor a “Posição Comum” que na prática efetiva o bloqueio da União Europeia a Cuba. O relatório apresentado por Cuba dá conta de que organizações com sede na União Europeia, designadamente organizações financeiras, se recusam a realizar transações que impliquem uma relação com Cuba.
O bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba dura desde 1962 e foi decidido após a tentativa de invasão de Cuba por forças apoiadas pelos EUA.
Ponta Delgada, 01 de Novembro de 2015

Aníbal C. Pires, In Jornal Diário e Azores Digital, 02 de Novembro de 2015

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