quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Democracia e democratas

Foto - Aníbal C. Pires
Para os democratas de direita, estejam eles no PS, no PSD ou no CDS, a democracia é chique, moderna e plural enquanto o PCP lhe servir apenas de adorno. Fica bem à democracia portuguesa este adereço e enquanto assim for, os democratas de direita toleram o PCP mas sempre como um enfeite, nunca como um partido capaz de assumir responsabilidades no arco da governação, seja lá o que isso for. Não, isso é que nunca.
O tempo que vivemos é um tempo novo. É um tempo de esperança que se desenha no horizonte, é um tempo que alguns dizem ser histórico, E porquê. Porque o PCP fez aquilo que sempre disse aos trabalhadores e ao povo português a cada eleição que disputa. Honraremos os nossos compromissos e assumiremos as responsabilidades que o nosso Povo nos quiser conferir, não mais que isto mas, não é pouco, É determinante para que em Portugal se possa concretizar a formação de um governo capaz de devolver a alegria e a esperança ao povo português. Se é um governo patriótico e de esquerda, não diria tanto. Mas não será, seguramente, um governo que coloque o bem-estar dos trabalhadores e do povo português como a sua última das últimas prioridades.

Foto retirada da Internet
Trata-se, tão-somente, de que um governo de iniciativa do PS com o apoio do PCP e do BE possa vir a assumir os destinos de Portugal nos próximos 4 anos, afinal nada de estranho é um governo apoiado pela maioria de deputados da Assembleia da República, é apenas a democracia a funcionar em toda sua plenitude, é apenas a materialização da vontade da maioria dos eleitores. Mas há quem não goste da democracia e tenha reiterado a sua visão totalitária da vida política portuguesa, desde logo o inquilino do Palácio de Belém, que em primeira instância rejeitou a solução que lhe foi apresentada e apadrinhou os seus rapazes não se coibindo de destilar ódio sobre o PCP, o PEV e o BE, desrespeitando todos os portugueses que confiaram o seu voto a estes partidos, partidos tão legítimos como qualquer outro. Outros foram deixando cair a máscara de democratas e foi um tal retirar da gaveta os velhos e estafados argumentos anticomunistas, alguns ainda se preocuparam em dar-lhe uma nova roupagem, outros nem a esse trabalho se deram tal foi o pânico que se gerou nas instaladas hostes de beneficiários de uma democracia que só é boa quando alterna, mas que se diaboliza quando se configura, ainda que ligeiramente, como uma alternativa.
Os ataques mais ou menos velados ao PCP os autos de fé anticomunistas encheram e enchem as colunas dos jornais e os painéis de comentário e análise politica nas televisões deixando a nu que a pluralidade de opinião e o rigor não tem passado de mais uma falácia.
A cultura democrática em Portugal ainda tem um longo percurso a percorrer, os exemplos de governos europeus formados com o apoio de partidos comunistas são vários e, configuram acordos parlamentares que resultam da vontade dos eleitores, a democracia funciona sem sobressaltos, em Portugal essa possibilidade despertou a verdadeira natureza dos democratas de proveta herdeiros de um passado obscuro e ditatorial de quase meio século. É essa nostalgia de um passado que manteve o povo português agrilhoado que tem vindo a ser regurgitada pelos mercenários da formação de opinião ao serviço dos “donos disto tudo” e dos seus procuradores políticos.
Angra do Heroísmo, 10 de Novembro de 2015

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 11 de Novembro de 2015

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