quinta-feira, 19 de novembro de 2020

para conhecer é preciso aqui viver

Foto Madalena Pires
Os resultados eleitorais nos Açores e os desenvolvimentos que se lhe seguiram têm sido motivo de muita discussão e análise. Aos comentadores e analistas regionais soma-se, agora, uma horda de opinadores continentais. 

Não sabia que no continente havia tantos especialistas em assuntos açorianos, parecem cogumelos a despontar no Outono. Assim do pé para a mão os Açores passaram a ser o centro político nacional. Não sei se é bom, mas não deve ser, pois, como qualquer outro assunto açoriano tratado e decidido em Lisboa, ou Bruxelas, está conformado pelo desconhecimento e, como tal, pouco tem a ver com a realidade do viver insular e arquipelágico. Para conhecer os Açores é preciso aqui viver. 

Para falar deste arquipélago e deste povo, com alguma propriedade e rigor, não basta conhecer as estatísticas, a geografia, saber do anticiclone e da Base das Lajes, ter por aqui passado férias, ou fazer referências, fica sempre bem, à Vila de Rabo de Peixe. Não! Isso não é suficiente. Não pretendo, nem para isso tenho arte, inibir os jornalistas e comentadores (profissionais ou não) que vivem no continente português a pronunciarem-se sobre o momento político que se está a viver na Região Autónoma dos Açores. Estejam à vontade para opinar, esse vosso exercício, por norma, Diverte-nos.

Foto Madalena Pires
Não quero ser injusto para com “influencers” continentais. Existem algumas razões para tão súbito interesse pelos Açores. Desde logo, os acordos políticos terem sido confecionados em Lisboa, mas também pela solução política à direita, acordada e apoiada com a extrema direita, ter despertado um interesse acrescido nos acólitos do neoliberalismo que pululam nas redações dos jornais, rádios e televisões, e que mais não têm feito do que abrir espaço ao populismo.

Vivemos tempos conturbados e propícios ao avolumar de comportamentos preconceituosos que urge contrariar. Abordagens redutoras levam, por norma, à construção de opiniões distorcidas da realidade.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 19 de Novembro de 2020


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