Mais um ano que chega ao fim para logo outro se iniciar e com ele a renovada esperança de que este será melhor que o anterior. O sentimento que nos invade por esta época de transição e as festividades que lhe estão associadas, mantêm-se como condiz com a tradição mas, a tradição já não é bem o que era. O sentimento é, assim como um misto de esperança que nos dá alento e de angústia provocada, não pela dúvida mas pela certeza que o futuro próximo está eivado de enormes dificuldades e que, desta vez, não haverá fogo-de-artifício que ajude à fantasia. Até no pão e no circo com que o poder costuma induzir a dormência no povo se nota alguma contenção. Não muita como convém, Não vá o povo despertar, ter algum devaneio e insurgir-se. A arreata de tanto esticar pode rebentar. O poder não gosta e aos poderosos não convém que o povo saia à rua sem as grilhetas da servidão gritando vivas à liberdade.
As medidas de austeridade impostas agora e sempre pelo “bloco central”, PSD e PS, já fazem sentir os seus efeitos e a apreensão está instalada. Mas não deixa de ser paradoxal, ou não, verificar que no balanço das compras de Natal os produtos de gama alta não foram afectados, ou seja, há quem a perpétua crise nunca afecte e perpetuamente vá engordando a cada furo do cinto que a generalidade dos portugueses vai apertando, veja-se o caso dos accionistas da PT a quem anteciparam a distribuição de dividendos para se esquivarem à tributação no ano que agora se vai iniciar, com isto perdeu o estado português vários milhões de euros, um valor suficiente para evitar os cortes em apoios sociais como seja o abono de família. Ainda houve uma tentativa, por proposta do PCP na Assembleia da República, para evitar mais esta obscenidade mas, os mesmos que impuseram os cortes nos salários e o aumento dos impostos trataram de chumbar a iniciativa dos deputados do PCP.
Em consciência não posso omitir as dificuldades que vamos enfrentar no ano de 2011 mas, também, em consciência cabe-me transmitir esperança no futuro. Esperança ancorada na convicção de que quando os povos se decidem a ser livres não há poder que lhe resista. É a história que o demonstra e o sonho que alimenta a confiança num futuro diferente… um futuro melhor.
Sem desalento e muito menos resignação ficam os votos de um Bom Ano de 2011!
Ponta Delgada, 28 de Dezembro de 2010
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 29 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo
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