terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A propósito de equidade

Mais um Natal… e o Mundo não melhorou. O Mundo desde o último Natal, aquele Natal em que formulámos votos de renovada esperança num Mundo melhor, piorou. Foi o nosso Mundo que piorou não aquele Mundo distante chamado por vezes: o Terceiro Mundo; o Mundo dos países pobres ou em desenvolvimento. Não! Não foi esse Mundo foi o nosso Mundo que piorou. Os outros Mundos, que há alguns Natais se afiguravam tão remotos, não medraram mas, como poderiam esses Mundos piorar se os seus cidadãos estão há séculos parados no limiar da dignidade humana, impedidos por uma qualquer barreira física ou virtual de passarem o patamar que lhes dá entrada num Mundo onde os desperdícios são uma obscenidade e no qual existem cada vez mais cidadãos que parece pertencerem a outro que não ao Mundo da abundância e do bem-estar.
O primeiro, o segundo e o terceiro Mundos, o nosso. Só temos esta casa comum a que chamamos Mundo. O Mundo está, a cada Natal que passa, mais injusto, mais desigual, mais desumano. O Mundo não melhorou… piorou.
O Mundo está mais igual na desumanidade que flagela os povos quer sejam do Norte rico ou, do pobre Sul.
Piorou e muito. Mais desemprego, mais pobreza, mais exclusão, mais desigualdades. Como podem ser boas as Festas para os milhões e milhões de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia, por semana, por mês, como podem ser boas as Festas para quem não tem trabalho, para quem não tem água potável, para quem é vítima da guerra. Como podem ser boas as Festas para os milhões de crianças que vão passar este Natal na rua.
Ainda assim não vou deixar de estender os votos de Boas Festas aos meus concidadãos que habitam este planeta. Tenho consciência que para todos nós podermos aceder ao padrão mínimo daquilo que consideramos serem umas Boas Festas se fica apenas pelo desejo que um dia isso venha a ser possível.
É por isso que existo. Existo para lutar pelo sonho que um dia todos os habitantes desta casa comum a que chamamos Terra tenham os seus direitos básicos garantidos o que, digamos, nem sequer é muito. Habitação, alimentação, educação, saúde e trabalho justamente remunerado. Será que é assim tão difícil garantir estes direitos básicos, será que não é possível?
Por um motivo ou outro todos julgamos que sim. Sim! É possível um Mundo melhor, e temos esperança, embora não baste tê-la é preciso fazer alguma coisa para que aconteça a mudança pela qual ansiamos. Façamos neste Natal e em todos os dias que se lhe vão seguir algo para que aconteça um Mundo melhor e que as palavras que no Natal profusamente proferimos se transformem em acção e em atitude de vida. Boas Festas!
Ponta Delgada, 19 de Dezembro de 2010

Aníbal C. Pires, In A União, 21 de Dezembro de 2010, Angra do Heroísmo

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