quinta-feira, 25 de abril de 2013

Haja paciência


Hoje é dia 25 de Abril, Festeja-se uma Revolução feita com flores, tolerante, talvez demasiado mas, tolerante que baste. Sobre o dia que comemoramos aconteceu são passados 39 anos e, de entre outras dádivas, esta tolerante Revolução, só podia ter sido protagonizada pelo povo português. Mas como dizia a Revolução de Abril trouxe-nos Democracia, trouxe-nos Liberdade, valores que para muitos de nós foram novidade naqueles dias que se seguiram à florida madrugada de Abril de 1974.
A liberdade, designadamente a liberdade de expressão é um bem inalienável e deve ser cultivada, o que me parece menos bem é que a tal liberdade de expressão seja utilizada para expressar opiniões sem fundamento e insultuosa para terceiros sem que estes acedam a essa opinião, ainda assim, tudo bem pois a fragilidade da opinião e o insulto ficam, normalmente num círculo restrito e esfarela-se com aquele odor fétido da matéria apodrecida.
Mas vamos ao que me motivou a escrever e publicar este texto. Acabei de ler uma publicação numa rede social em que o autor, depois de fundamentar, concluía:
“ (…) Ora, para mim, esta é a prova provada, como se isso ainda fosse necessário, que esta greve foi imposta de fora por profissionais sindicais, comunas, e com dois objetivos bem definidos: (…)
E perguntam, como é que o emissor dessa opinião chegou a tão brilhante conclusão, e eu transcrevo, obliterando apenas o nome da pessoa visada.
“Ontem tive conhecimento que o delegado dos Açores no Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, hospedeiro xxxxxxxx, tinha ido em plena greve de férias para CACUN, possivelmente de borla, ou seja, à custa dos nossos impostos. (…)”
Como facilmente se percebe a solidez da fundamentação é brilhante. Desde logo porque se está de greve não se pode estar de férias, depois a “finura” do insulto … o hospedeiro…, e ainda a possibilidade de ter ido de borla, não tem a certeza é uma possibilidade mas… serve, serve principalmente se aduzirmos o dado, “… à custa dos nossos impostos.” Nunca falha.
Os fundamentos tornam clara a conclusão, “(…) esta greve foi imposta de fora por profissionais sindicais, comunas, e com dois objetivos bem definidos. (…). Repare-se “… de fora…, …sindicais…" e, ainda como se isso não bastasse para sustentar a tese, "…comunas…", nunca falha.
Para que alguém pudesse expressar esta e outras opiniões muitos “comunas” deram a vida por isso, para que a democracia e a liberdade sejam mais do que um formalismo muitos “comunas” continuam a lutar.
Já agora deixo-vos os tais objetivos que segundo, este brilhante opinador, afirma que estão na origem da greve dos trabalhadores da SATA.
“(…) 
 1º. Prejudicar os Açores e os açorianos em dois momentos de grande importância para a economia da região; 
2º. Desestabilizar a SATA internacional, numa tentativa de a levar à falência e assim favorecer a TAP, evitando que esta seja privatizada e poderem continuar a manipular e servirem-se da TAP como Empresa Pública e assim terem os seus tachos de sindicalistas profissionais garantidos. 
Pena que os trabalhadores, açorianos, da SATA, não o tenham percebido e se tenham deixado manipular por quem os quer destruir e pondo em risco muitos dos seus postes de trabalho.
E Esta????????????”
Estas conclusões até têm uma novidade, eu pelo menos ainda não tinha dado conta de também estar a ser utilizada na campanha de intoxicação em curso, afinal a greve dos trabalhadores da SATA tem como um dos seus objetivos, veja-se só o brilhantismo, (…) e assim favorecer a TAP, evitando que esta seja privatizada e poderem continuar a manipular e servirem-se da TAP como Empresa Pública e assim terem os seus tachos de sindicalistas profissionais garantidos. (…)

Mas tá bem. São custos da Democracia e da Liberdade, suportam-se bem. Estes valores maiores não têm preço. Precisamos isso sim é de cuidar deles, hoje e todos os dias, assim como quem cuida de um jardim.

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