quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

SATA - factos ou maledicências

Foto - Aníbal C. Pires
Cidadãos supostamente bem informados dizem-me de amiúde que eu estou sempre a criticar a SATA, que “digo mal” da SATA. Tenho muita intervenção escrita e publicada sobre a SATA, é verdade. Mas deixo o desafio para encontrarem intervenções ou textos publicados em que critico ou “digo mal” da SATA. Se alguém se der ao trabalho de pesquisar vai constatar que afinal não é bem assim, a não ser que considerem que quando questiono a estratégia da tutela ou a atuação do Conselho de Administração para as diferentes empresas do Grupo SATA, isso seja sinónimo de uma crítica gratuita ou do popular “dizer mal”. Quem aceitar o desafio irá atestar que a generalidade do que tenho dito e escrito sobre o Grupo SATA é, bem pelo contrário, em sua defesa, dos seus trabalhadores e da sua importância estratégica para os Açores. Discordar não é “dizer mal”. Discordar é, no essencial, tecer considerações sobre o que, em minha opinião, não está bem e pode e deve ser melhorado, sempre tendo no horizonte, não apenas a sua sobrevivência num mercado agressivo e híper competitivo, mas o seu crescimento e o contributo que pode dar para canalizar fluxos de pessoas, a economia regional delas necessita para alimentar a indústria do turismo, mas também de fluxos financeiros. Tudo isto foi possível, tudo isto pode ser possível, assim o queira a tutela e assim o execute o Conselho de Administração pois quanto à generalidade dos trabalhadores do Grupo SATA, tenho a certeza, que assim o desejam. Não conheço trabalhador do Grupo SATA que não esteja de acordo com uma estratégia de crescimento e a consolidação da SATA como empresa pública regional de transportes aéreos que ocupe o seu lugar no mercado nacional e internacional, que não se identifique com a premissa de que a SATA é um instrumento estratégico para o desenvolvimento regional e com a necessidade da sua afirmação no mercado nacional e internacional dos transportes aéreos.
Foto - João Pires
Afirmar que dentro do Grupo SATA está instalado um clima de medo e de intimidação não é “dizer mal” da SATA é a constatação de que o Conselho de Administração e os pequenos poderes intermédios instalados promovem uma cultura persecutória aos trabalhadores do Grupo SATA. E isto é um facto.
Afirmar que a SATA necessita adequar a frota para a operação de ligação a Lisboa a partir do Pico e do Faial, não é dizer mal, é procurar as respostas para ultrapassar as dificuldades dos condicionalismos operacionais dos aeroportos do Faial e do Pico, para diminuir os custos da operação, para melhorar a oferta, diminuir o custo da passagem para valores inferiores a 134,00 euros e tornar a operação rentável ao longo de todo ano. É possível sim. E quando for necessário aí estarei para o demonstrar.
Afirmar que a estratégia de redução da operação da Sata Internacional contribuiu para o descalabro financeiro do Grupo SATA, não é dizer mal, é constatar que o desequilíbrio operacional na SATA Internacional em 2013, ao contrário do verificado em anos anteriores, se deve que facto de que o valor libertado pelas rotas que historicamente geram valor não foi suficiente para compensar as rotas com margens historicamente negativas. E isto é um facto.
Afirmar que o plano estratégico 2015/2020 é, por um lado, redutor ao limitar o core business do grupo e, por outro, inexequível face à sua calendarização, não é dizer mal, é uma constatação de facto. As datas previstas para o phase in/phase out da substituição da frota não foram cumpridas e a ligação Açores/Cabo Verde/Açores está em banho-maria. E isto são factos.
Foto - Aníbal C. Pires
Afirmar que o Grupo não se preparou para o novo paradigma de transportes aéreos que foi introduzido na Região, não é dizer mal, é a constatação de que a SATA foi incapaz de se preparar para responder ao previsível aumento da procura. Dias houve, no Verão IATA, em que dos voos programados pela SATA Internacional mais de 45% foram realizados com recurso a ACMI, antes do Verão IATA a SATA Internacional reduziu frota de 8 para 6 aeronaves (menos um 320 e menos um 310), ou da dificuldade sentida pelos residentes em encontrarem lugares disponíveis para viajar dentro da Região. E se não é aconselhável a competição, pela tarifa praticada, com as low-cost, não deixa de ser incompreensível a diminuição da oferta da SATA Internacional em Ponta Delgada. E isto são factos.
Afirmar que ser Presidente da Associação de Turismo dos Açores (ATA) e administrador para a área comercial do Grupo SATA é, neste contexto de mercado aberto, incompatível, não é dizer mal da SATA, é uma constatação. Ou se vende para o Grupo SATA e se promove a empresa, ou se vende e promove a concorrência.
Recrutar personalidades externas para presidir ao Conselho de Administração (CA) quando dentro do CA existem quadros capazes de assumir essa função, não é dizer mal, é constatar um facto, o mesmo se poderá dizer quando se recrutam personalidades externas para chefiar Direções de Serviços quando dentro do Grupo SATA existem quadros superiores com potencial e know how para assumir essas funções, isto não é “dizer mal”, é um facto.
Por mais que isto incomode dentro e fora do Grupo SATA continuarei a opinar sempre que julgue necessário e se justifique.
Horta, 07 de Dezembro de 2015

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 10 de Dezembro de 2015

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