sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

programa do XIII governo – educação para “inglês ver” (parte 1/3)

foto by Aníbal C. Pires
A educação é sempre alvo de pomposas e apaixonadas declarações políticas. Mas, tratando-se de paixão, logo um estado irracional, neste caso tem associada a razão. 

A Educação é a génese de qualquer modelo de desenvolvimento, seja ele, retrógrado ou progressista. Julgo que é essa a premissa que une o espetro político nas suas unânimes declarações de amor à Educação. 

Foi, quiçá, a primeira área que procurei quando o programa de governo se tornou público, não por estar apaixonado por ela, mas por ser professor. E confesso: surpreenderam-me o alcance de algumas medidas propostas. Uma visão de futuro para que tudo se mantenha como está, ou até possa piorar.  

Não vou dissecar as medidas propostas nem as declarações de intenção. Seria fastidioso para quem vier a ler este escrito. Assim, vou apenas referir duas ou três ações (intenções) que o XIII Governo regional pretende implementar.

E vou começar por algumas preocupações de ordem estrutural e pedagógica para não ser acusado de ter uma visão corporativa do objeto em consideração.

foto by Aníbal C. Pires
Diz então a proposta de programa de governo:

“(…) Com este desiderato, o Governo irá:

No âmbito da promoção do sucesso

• criar um modelo de treino educativo que potencie o sucesso de cada aluno, integrando as famílias no processo educativo dos seus educandos, (…)”

Ora cá está!! Deixemo-nos de métodos retrógrados vamos aderir ao “coaching educativo” para alunos e famílias. Isto é que é vanguardismo.

Eu, como perceberam é que utilizei o anglicismo porque os redatores do programa, e muito bem, na salvaguarda da língua materna escreveram “treino educativo”.

foto by Aníbal C. Pires
Eu diria, num outro registo, que a metodologia utilizada é uma prerrogativa do professor. Assim e na salvaguarda da independência profissional dos docentes esta imposição da tutela não é, de todo, admissível. Por outro lado, favorecer contextos de aprendizagem cooperativos (associativos e colaborativos), leia-se “treino educativo”, é uma prática que alguns docentes nunca abandonaram. Isto é, a novidade faz parte de uma antiga prática docente. Haja paciência!

(continua)

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 10 de Dezembro de 2020


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