quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

3.6.5. ou um dia de cada vez, de Carolina Cordeiro


Um diário que não é, Diário.

Mas podia ser. A ordem dos textos está associada à passagem dos dias, mas não há, ou não se sente, necessidade de uma ordem cronológica associada ao tempo sequencial. 

Pode o leitor, se lhe aprouver, ler do fim para o princípio do “tempo” sem que esse exercício retire qualquer sentido à partilha íntima da autora com os seus leitores. Pode o leitor, ler de um só fôlego, ou repartir a leitura por vários momentos, ou ainda, ler um dia de cada vez e tudo, tudo fará sentido.

Em 365 ou um dia de cada vez Carolina Cordeiro convida-nos a viajar pelos sentires que despertam com o passar dos dias. A sua prosa poética é aliciante e envolvente.


Carolina Cordeiro - imagem retirada da internet


As entradas neste (não) diário conduzem-nos por uma viagem ao âmago das emoções, à objetividade das opiniões sem, contudo, retirar espaço à reflexão do leitor, ou seja, quem lê é induzido a cogitar com a autora e, pouco importa se estamos, ou não, de acordo, se nutrimos, ou não, a mesma opinião ou sentimento. Relevante mesmo é o apelo tácito, consciente ou não, à introspeção do leitor.

Chegado aqui direi que, 365 ou um dia de cada vez, talvez seja um diário. Um diário sem ano de referência, um diário intemporal.

3.6.5 ou um dia de cada vez, Carolina Cordeiro, Letras Lavadas, 2020

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 23 de fevereiro de 2021


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