quinta-feira, 31 de março de 2022

o ataque às cores e aos símbolos

cores do arco íris
As cores, é sabido, induzem emoções e sentimentos. As cores quentes transmitem energia, atividade e entusiasmo, e, as cores frias racionalidade, tranquilidade e profissionalismo.

A escolha das cores, pelo marketing, não é fruto do acaso. A opção por uma ou outra cor depende do que se pretende induzir no público consumidor de um produto, de um serviço ou de uma ideia. E os símbolos, tal como as cores, são também elementos essenciais nos processos de comunicação. 

A utilização das cores e dos símbolos também dependem dos contextos e a indução de emoções, quando assim é, pode sair do padrão aceite. A guerra na Ucrânia trouxe para o nosso quotidiano algumas cores e símbolos que induzem sentimentos diversos, ou muito simplesmente de apoio ou repúdio a uma das partes diretamente interveniente no conflito.

bandeira da Eslovénia

Há poucos dias, ao circular numa das artérias de Ponta Delgada, olhei para um dos painéis publicitários que circundam uma rotunda e estranhei as cores – azul, vermelho e branco. Pensei para comigo: não pode ser são as cores da bandeira russa. Depressa concluí que, afinal era, apenas, o “outdoor” da Iniciativa Liberal (IL) e cujas cores são as mesmas da bandeira russa. Penso que face à fobia russófona que se vive talvez fosse aconselhável que a IL retirasse os seus “outdoors” não vá acontecer o mesmo que à embaixada da Eslovénia na Ucrânia a quem foi pedido pelas autoridades ucranianas para arriarem a sua bandeira pois confundia-se com a bandeira russa. Enfim!

Mas se as cores da bandeira russa estão a ser objeto de atenção e crítica a quem as ostenta, já as cores ucranianas (amarelo e azul) estão a ser profusamente utilizadas como estratégia de marketing para promover produtos, serviços e ideias, tudo em nome da solidariedade e do apoio humanitário. Pois está bom de ver.

Eu continuo a gostar de vermelho, azul, amarelo e branco. Já gostava, nada de novo.

Depois dos artistas e atletas russos, mortos e vivos, terem sido apagados dos mais diversos eventos, agora são as cores. Tenho estado à espera que a tabela periódica seja retirada aos estudantes e escolas, pois, bem vistas as coisas, o seu criador foi o russo Dmitri Mendeleev. E se é para apagar que se apague tudo. 

imagem retirada da internet
Os símbolos também estão a ser alvo de atenção e o seu uso pode ser criminalizado. Na Alemanha, a Baviera e a Baixa Saxónia, vão processar qualquer pessoa que use a letra "Z" em público, por considerarem que é um símbolo de apoio à guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Espero que possamos continuar a utilizar a letra Z, sob pena de alguns nomes de cidades, países e até de pessoas serem impronunciáveis.

Não tenho conhecimento de que a letra V tenha sido alvo de alguma discriminação pois, os cidadãos mais atentos já terão reparado que alguns veículos militares russos ostentam a letra V, ou ainda o que será do losango que, mais recentemente, começou a aparecer nos veículos militares russos usados na guerra da Ucrânia.



Aníbal C. Pires, 31 de março de 2022

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