segunda-feira, 30 de março de 2009

Que justificação para tamanha asneira

A agenda política volta a ser dominada pela questão da construção do navio Atlântida, mas mais do que a agenda política e dos posicionamentos mais ou menos levianos sobre este assunto, como por exemplo, a tomada de posição da Líder do PSD que opta pelo caminho mais fácil e populista ao afirmar que se dependesse do PSD, o mesmo é dizer se fosse a Presidente do Governo Regional, rescindia o contrato. Como dizia, mais do que a agenda política e os “fait-divers” da D.ra Berta Cabral, importa centrar a discussão no apuramento de responsabilidades por esta recheada “carteira de asneiras” que constitui todo um processo, sem fim à vista, que visa retomar a ancestral ligação marítima de transporte de passageiros entre as ilhas açorianas.
Quem do exterior observar estes episódios ficará por certo estupefacto com a inabilidade do Governo Regional em tomar as decisões acertadas que permitam retomar uma actividade que desde o século XV, ou seja, desde o povoamento até 1984 decorreu com a normalidade exigida a uma região insular e arquipelágica.
O transporte marítimo de passageiros não é, propriamente, uma actividade que decorra de recentes descobertas tecnológicas e científicas e o património nacional do saber e do saber fazer, quer ao nível da construção naval, quer ao nível da navegação marítima, vem de longe e, assim sendo, é incompreensível para qualquer cidadão que não tenha sido encontrada uma solução sobre a tipologia dos navios e um modelo de transporte marítimo de passageiros adequado aos nossos dias e que garanta uma opção de mobilidade interna em complementaridade ao transporte aéreo.
Nesta história não há justificação técnica e política que seja plausível e a opinião pública regional exige essa explicação a quem decide e a quem fiscaliza politicamente os actos de quem governa.
Assim, e face à continuada recusa do PS e do seu governo em prestar os devidos esclarecimentos ao Parlamento Regional os partidos da oposição tomaram a posição que o povo açoriano lhes exige propondo a criação de uma Comissão de Inquérito para apuramento das responsabilidades por esta história trágico marítima.
Aníbal Pires, IN Açoriano Oriental, 30 de Março de 2009, Ponta Delgada

1 comentário:

Maria Margarida Silva disse...

“Aquilo que foi e que será, e até mesmo aquilo que é, não somos capazes de saber, mas quanto àquilo que devemos fazer, não apenas somos capazes de saber, como também o sabemos sempre, e somente isso nos é necessário.”
Tolstoi, Léon

Beijinhos.