domingo, 13 de dezembro de 2009

Um nome de entre muitos

Saara Ocidental, Frente Polisário, República Árabe Saaráui Democrática, Mauritânia, Marrocos, Espanha, Nações Unidas e uma mulher que, como José Saramago, disse é uma daquelas pessoas que dá personalidade ao nosso tempo.
Aminetu Haidar é uma mulher em greve de fome – completou o 24.º dia enquanto registo estas notas –, uma mulher em luta pelo reconhecimento do seu povo e do seu país.
A determinação de Aminetu Haidar e a forma de luta que adoptou quando se viu privada de regressar a casa pelas autoridades marroquinas colocou na agenda política e mediática o Saara Ocidental e a luta da Frente Polisário pela independência daquele território que foi uma colónia de Espanha até 1975 e, de que a Mauritânia e Marrocos se apossaram após a saída dos espanhóis invocando direitos históricos. A Frente Polisário conquistou o território ocupado pela Mauritânia e o exército de ocupação marroquino entrincheirou-se numa zona restrita do deserto, o triângulo de segurança, que compreende as duas cidades costeiras e a zona dos fosfatos. Tenho para mim que “os direitos históricos” invocados por Marrocos estão directamente relacionados com a extracção destes minerais. As Nações Unidas consideram o Saara Ocidental como um território não-autónomo.
Aminetu Haidar ganhou esta batalha, independentemente do desfecho desta heróica luta e com esta vitória a autodeterminação do povo saraauí ficará mais perto.
O exemplo que nos chega de Lanzarote contraria a acomodação no confortável refúgio de quem deixou de acreditar nos processos políticos transformadores. A dedicação e entrega desta mulher, mãe e cidadã, embaraça os que alimentam a ideia do fim da história e das ideologias.
Outros exemplos existem, para lá de Aminetu Haidar, que dão personalidade ao nosso tempo e que mantêm bem acesa a chama que alimenta a ideia de um modelo de desenvolvimento sustentável e, por consequência, mais justo social e economicamente.
A lista é, felizmente, interminável mas não posso deixar de referir José Pepe Mujica, antigo guerrilheiro Tupamaro, que com o apoio do movimento de esquerda “Frente Ampla” foi no passado dia 30 de Novembro, eleito Presidente do Uruguai, como já o foram Daniel Ortega, na Nicarágua, e Nelson Mandela, na África do Sul.
Com mulheres e homens desta envergadura há lugar para renovar esperança!
Aníbal C. Pires, IN A UNIÃO, 11 de Dezembro de 2009, Angra do Heroísmo

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