terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Caminhos de mudança

A reeleição de Cavaco Silva constitui-se como um factor de agravamento da situação política, social e económica. O quadro político que emerge das eleições presidenciais é favorável ao agravamento do declínio económico e da injustiça social, da submissão do país a interesses estrangeiros e à chantagem do grande capital financeiro.
A eleição de Cavaco Silva é um incentivo ao prosseguimento das políticas recessivas impostas pelos pacotes de austeridade de José Sócrates, seja com base na cooperação estratégica com o actual Governo do PS, seja com a cúmplice intervenção para viabilizar a chegada ao poder de um governo do PSD e do CDS, ou seja, com a reeleição de Cavaco Silva está assegurada a continuidade das políticas de direita mas significa, de igual modo, mais instabilidade e miséria na vida dos trabalhadores e do povo português.
Neste quadro difícil torna-se ainda mais necessária a luta e o protesto dos milhões de portugueses que são as vítimas desta política, uma luta que é o único factor verdadeiramente capaz de travar este avanço das políticas de direita e na qual todos nos devemos empenhar.
Na Região os recentes cortes e a exclusão de beneficiários de prestações sociais, desde o abono de família, ao rendimento social de inserção, ao subsídio social de desemprego geram, nalgumas ilhas situações de aguda carência e profunda exclusão social que afectaram directamente quase 4000 açorianos.
Mas também o agravamento do custo de vida, em especial de bens e serviços essenciais, como o pão e outros produtos alimentares ou os combustíveis, torna cada vez mais difícil o dia-a-dia das famílias açorianas, o aumento a pressão sobre o emprego e sobre os trabalhadores, em múltiplos sectores, consubstanciada em situações de lay-off, o pedido de suspensão de contratos de trabalho por iniciativa dos trabalhadores, os despedimentos colectivos encapotados por acordos individuais com os trabalhadores, os salários e outras remunerações em atraso, etc. etc.
Os exemplos anteriores, de entre muitos outros, comprovam que o PS Açores e o seu Governo exercitam a hipocrisia política ao aceitar e apoiar como inevitáveis as políticas de austeridade que o seu próprio Governo aprova na República para depois lamentar os efeitos penalizadores das políticas de José Sócrates sobre as açorianas e açorianos, aliás reconhecendo explicitamente, ao aprovar na Região medidas que vão em contra ciclo, que as políticas impostas pelo PS e pelo PSD são recessivas e que acentuam as desigualdades e, sobretudo, que são possíveis outros caminhos.
Caminhos de mudança.
Ponta Delgada, 07 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In A União, 08 de Fevereiro de 2011, Angra do Heroísmo

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