segunda-feira, 7 de maio de 2018

Tempo perdido

Foto by Madalena Pires (Aeroporto de Lisboa, 2016)
Um fim de semana recheado de acontecimentos para contentamento e satisfação de todos, ou quase todos pois, há sempre quem fique de fora por razões que a cada um diz respeito.
Ele foi o Porto campeão, o Santa Clara que subiu de divisão, foram as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, o Dia da Mãe e o Festival da Canção da Eurovisão, que este ano se está a realizar em Lisboa, desdobrando-se em desfiles, por acaso, numa “carpete azul.  Enfim não faltaram motivos para, em conformidade com a importância que cada um dá a estes e outros eventos, nos entregarmos à paixão clubística, à fé, à esperança, à homenagem viva ou recordada, e à divulgação e comercialização de um género musical que não faz o meu, mas ao qual não faltam ilustres fãs, como sejam os Presidentes da República e da Câmara Municipal de Lisboa e o Ministro da Cultura que fizeram questão de estar na “carpete azul” e de conviverem com os candidatos ao Festival da Canção.
Para quem escreve crónicas de opinião dir-se-á que é só escolher porque assunto não falta e, não faltarão os escritos sobre tão diversos e emotivos acontecimentos. Por isso considero-me dispensado de sobre eles dizer o que quer que seja, outros o farão com maior propriedade e conhecimento, embora sobre mães sempre direi que a minha terá sido, certamente, a melhor de todas as mães.
Depois, digamos, desta introdução fiquei com um pequeno problema, Então vou escrever sobre o quê, Pois agora é que são elas.

Foto retirada da Internet
Tinha-me comprometido, comigo mesmo, que após aquela longa e secante (houve quem achasse interessante e útil) sequência de textos sobre transportes aéreos vos traria um texto mais leve e curto. Significa isto que para manter o compromisso, também, não devo abordar questões que merecem uma aturada atenção como, por exemplo, a saída do José Sócrates do PS, ou as questões ligadas à corrupção instalada no nosso país. Não, nem pensar.
Seja lá o assunto que venha a ser o tema central deste escrito tenho plena consciência das duras críticas de que serei alvo, até parece que já as estou a ouvir. Não fala do Campeão Nacional, porque deve ser lampião ou lagarto, nem uma palavra sobre a importância da subida do Santa Clara à primeira liga de futebol, porque deve ser, no mínimo, sócio do Angrense, e sendo um homem sem fé também não diz nada sobre as grandiosas Festas do Senhor, tem a mania que só gosta de música erudita e não valoriza o Festival da Canção, do dia da Mãe, lá foi dizendo nas entrelinhas que a dele foi a melhor. O gajo não presta mesmo, é um desalinhado, um marginal, um egocentrista, isto para além de ser um empedernido comunista, ou talvez por isso seja tudo o resto. Talvez seja tudo isso, mas não sou hipócrita e não gosto de futebol, não do desporto em si mesmo que esse, como já o tenho dito e escrito, vale por si mesmo, não gosto é do que gira à volta do futebol e, como tal, deixei de ter simpatias clubísticas, embora seja sócio do Angrense, como sou dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada.
Chegado aqui pouco mais terei a acrescentar ao que ainda não disse e, talvez o melhor seja mesmo ficar por aqui cumprindo, assim, o tal compromisso de não vos maçar. O fim de semana foi recheado de emoções para todos os gostos e os temas de conversa neste início de semana estão mais do que predeterminados. Não vale a pena. Não, não é uma desistência, trata-se mesmo de uma pausa para dar espaço e tempo para as emoções darem lugar à razão e para que as festas produzam o seu efeito catalisador.
Está cumprido o compromisso. Penso voltar para a semana com um tema sobre o qual valha a pena perderem o vosso tempo. Hoje, como acabam de constatar, foi tempo perdido.
Ponta Delgada, 06 de Maio de 2018

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 07 de Maio de 2018

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