terça-feira, 23 de dezembro de 2025

das festas

imagem retirada da internet


Excerto de texto para publicação no Diário Insular e, como é habitual, também aqui no blogue momentos.







(...) Não posso negar que a encenação da época natalícia traz consigo algo que conforta, que anima. Mas traz, também, algo de profundamente insuficiente perante a complexidade do tempo e do espaço que habitamos, algo que não se concilia com a leviandade rotineira dos votos formulados. Não quero ser injusto e abro uma exceção para quem, de forma genuína e com espírito solidário, celebra as festas de Natal, Ano Novo e Dia de Reis. Sei que assim é, e tenho por esses meus concidadãos o maior respeito.

Não é possível escapar aos apelos das Festas que se querem boas. Ninguém fica indiferente, e a celebração, do que quer que seja, acaba por se consumar. Para não perder tempo, já dei início ao ciclo de festividades assinalando o Solstício de Inverno que, no hemisfério Norte é ancestralmente saudado como o início de um novo ciclo natural.

A evocação do Solstício de Inverno não é um detalhe folclórico, nem um mero abrigo simbólico. Remete para uma noção de tempo que precede a retórica do progresso linear e das promessas adiadas. Os ciclos naturais ensinam que não há crescimento infinito, nem hegemonias eternas, nem luz sem atravessar a noite. A história humana, apesar de todas as tentativas de a domesticar, obedece à mesma lógica. (...)


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