segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Malak Mattar - a abrir dezembro

imagem retirada da internet

Malak Mattar, pintora palestiniana nascida em Gaza, transformou a sua arte num lugar de respiração num território onde o ar é constantemente roubado. A cada tela, a cada figura feminina que emerge com olhos grandes e luminosos, ela celebra a vida apesar do cerco, da ocupação colonial e do apartheid. O seu trabalho é um gesto de afirmação num mundo que insiste em negar a existência do seu povo. Na sua obra a resistência é tornada cor e os silêncios em gritos de denúncia. Nas suas pinturas há uma espécie de permanência obstinada, prova de que a identidade palestiniana não se apaga e que a vontade de um povo não se extingue nas ruínas da sua cidade natal.



As mulheres palestinianas sempre estiveram no centro desta resistência, não apenas como vítimas da violência colonial, mas como agentes da sua própria história. Elas sustentam comunidades, protegem memórias, educam os filhos para reconhecerem a injustiça e levantarem a cabeça. São presença nos protestos, nas cozinhas, nos hospitais de campanha, nas escolas improvisadas, nas casas que renascem após cada bombardeamento. Malak Mattar representa-as: firmes, dignas, inteiras, mesmo quando o mundo as quer quebradas.

a colheita da azeitona - Malak Mattar

E talvez seja esta a força maior da sua obra, ou seja, mostrar que, na Palestina, a cultura é mais do que herança, é continuidade. As mulheres transmitem canções, sabores, gestos, histórias de raízes profundas, projetam no futuro aquilo que a ocupação tenta arrancar ao presente. A pintura de Malak Mattar prolonga esse fio antigo, levando-o para além das fronteiras impostas, declarando ao mundo que a identidade palestiniana resiste porque vive, e vive porque é passada de mão em mão, de mãe para filha. Na obra de Malak Mattar, a arte torna-se o gesto que preserva a herança cultural e, ao mesmo tempo, afirma a luta contra a ocupação colonial e o genocídio.


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