As celebrações do dia da Região trouxeram este ano (aliás, não é a primeira vez) alguma polémica ao espaço público regional. A condecoração de uma personalidade motivou alguns desagravos e o discurso do Presidente do Governo Regional deixou claro que os seus amigos de Lisboa (leia-se PS e José Sócrates) lhe estarão a colocar algumas dificuldades com o texto da Revisão do Estatuto da Região, ou então é mais um “fait-diver” com que Carlos César de vez em quando gosta de brindar o povo. É que, para além de pão e circo, uma boa altercação também ajuda a manter a popularidade (Teoria do Choque).
Quanto à condecoração do general Altino de Magalhães não tem a importância de uma linha na imprensa, pois outras figuras têm vindo a ser condecoradas e outras o serão sem que se perceba muito bem porquê.
O Presidente do Governo Regional assumiu de vez uma ambição! Penso que ainda não a divulgou publicamente - a não ser que a tem - mas a sua pose, o seu discurso e a forma como se relaciona com a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) não enganam. É, assim, um pouco como o algodão…
À semelhança de João Jardim, salvaguardando os estilos, Carlos César sente-se o “dono” dos Açores e a sua ambição, ao que parece, é ser o Presidente dos Açores. Talvez um sonho de criança…
Mas não é! Não é nem “dono” dos Açores, nem tão pouco o Presidente dos Açores. E as razões são lineares e de ordem pragmática: i) os Açores são dos açorianos, não de César; ii) não existe, nem na Constituição, nem no Estatuto, mesmo depois de revisto, a figura de Presidente dos Açores.
Se a primeira é inquestionável, já a segunda afirmação pode levantar algumas dúvidas. Assim, passo a explicar: o cargo é denominado de Presidente do Governo, uma espécie de José Sócrates regional e a haver um dia, quiçá, consagrada nos textos constitucional e estatutário a figura de Presidente dos Açores, ele será, com certeza, eleito directamente pelos açorianos e não resultado de uma indicação do partido que elege a maioria dos deputados à ALRAA.
Dublin, 16 de Maio de 2008
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