As transformações que estão a ser enquistadas nos sectores sociais do Estado têm um suporte ideológico e não temos que ter medo das palavras só porque alguém um dia resolveu “por fim à história” e “decretar o fim das ideologias”.
Sendo que o discurso do fim a história e das ideologias é, em si mesmo, um dos pilares que sustenta a ideologia dominante, ideologia uniformizadora do pensamento e do comportamento e que nos pretende transformar numa mole acrítica de meros factores de produção e consumidores formatados, por necessidades construídas nos monitores da televisão, da Internet ou dos famigerados telemóveis.
Se é certo que hoje podemos observar um conjunto de disposições legais que, pretensamente, diferenciam a Região do restante território nacional, a verdade é que na sua essência o molde é único e visa a desvalorização dos trabalhadores da administração pública e a desacreditação dos serviços públicos abrindo, assim, caminho à penetração do sector privado, em paridade com o sector público, nas áreas sociais em que o Estado lhe cabe, constitucionalmente, garantir a universalidade.
A política educativa no País e na Região, bem como a política de saúde e de protecção social, bem assim como as anunciadas políticas de flexibilização da legislação laboral têm subjacentes as orientações ideológicas neoliberais da teologia do mercado em que aos Estados caberá apenas o papel de regulador pois, os mesmos teólogos da apologia do “menos Estado melhor Estado” reconhecem que o “mercado” deixa sempre um segmento da população que não acede às supostas “vantagens” do mercado.
O produto final destas políticas está aí! Mais de 500 mil desempregados e 2 milhões de pobres. O tal segmento da população a que os benefícios do mercado não chegam
E depois… Bem! E depois, esta novidade - que a história registará como uma das marcas dos Governos de José Sócrates e de Carlos César - pobres de um novo tipo.
Pobres que trabalham, não esmolam, nem povoam as ruas das nossas urbes estendendo a mão à caridade! Cidadãs e cidadãos que auferem rendimentos do seu trabalho mas que, devido às políticas de baixos salários realizadas em nome da competitividade da economia global e de outras falácias se vêm obrigados a recorrerem às instituições de protecção social para garantirem alimento para si e para os seus filhos.
1 comentário:
"Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia." Nelson Mandela
Eu diria: Democracia com fome, sem educação e saúde para TODOS é uma concha vazia.
Até quando os governos ficarão inertes perante tanta desigualdade, tanta injustiça? Até quando veremos milhões de pessoas a morrerem por falta de assistência médica? Até quando assistiremos à escassez de alimentos de milhões de pessoas?
Até quando deixaremos que um governo prepotente, egoísta, capitalista favoreça única e exclusivamente os da sua classe?
Pão, Saúde e Educação para TODOS, será pedir muito? A verdade é que
"A miséria não acaba porque dá lucro." A. Jabor
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