Celebrou-se hoje o “Dia do Pescador”. Mais uma data, mais uma efeméride. Sim! Talvez! Mas não só!
A importância económica do sector, o número de trabalhadores que directa e indirectamente estão afectos à pesca, os velhos e novos problemas que pendem sobre esta actividade, os crónicos estigmas e as desigualdades na distribuição do rendimento justificam o acontecimento que, este ano, coincidiu com uma fase da luta dos pescadores que só se expressou no continente. Nos Açores, por alguém, considerar que tudo está bem ficou-se apenas pela solidariedade… A opinião dos pescadores não é, porém, a mesma de quem decidiu pelo simples apoio passivo a uma luta que é, obviamente, de todos.
Nos tempos que correm ter peixe à mesa é um luxo tal o valor que atinge nas bancas dos mercados, sejam os mini, os super ou os hiper. Não obstante, os pescadores continuam a ser dos trabalhadores que nos Açores e no país usufruem menores rendimentos.
Portugal é o país da União Europeia (UE) que detém a maior Zona Económica Exclusiva (ZEE), os Açores pela sua situação geográfica são a região à qual está associada a maior parte da ZEE portuguesa seria, por isso com alguma naturalidade, que as pescas fossem alvo de valorização e investimento proporcional ao seu potencial económico. Mas, ao invés disso, constatamos a sua gradual destruição e agora, qual machadada final, a perda da soberania dos mares que, sendo o Tratado de Lisboa ratificado pelos 27 estados-membros, passará em definitivo para a égide de Bruxelas contrariando as recomendações das Nações Unidas que aconselham a que os recursos marinhos sejam geridos pela proximidade das populações ribeirinhas.
Os envelopes financeiros remetidos por Bruxelas afinal têm, para os portugueses, custos muito elevados. Recebemos muito, é certo, mas o que damos em troca tem um valor incomensuravelmente maior. Se é que se pode mensurar a soberania nacional.
Para o sucesso da construção e integração europeia o caminho não tem que ser, necessariamente, o caminho do federalismo, mais ou menos encapotado.
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