quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Está a chegar

Janeiro está à porta e com ele o “Magalhães” chega aos Açores. Já ouvi e li que chega com algum atraso. Mas será mesmo que a distribuição gratuita do famoso portátil está atrasada? Ou aquilo que se ouve e lê por aí não passa da velha conversa de português (ilhéu ou continental) que nunca está satisfeito e tem sempre uma criticazinha para fazer, mesmo perante uma medida que pretende universalizar o acesso às ferramentas informáticas e às novas tecnologias de informação e comunicação. O que só pode ser bom! Julgo eu. Tendo em devida conta tudo o que o Eng. José Sócrates já fez e disse sobre a importância do choque tecnológico e sabendo-se, por testes realizados por auditorias externas, que um dos atributos do “Magalhães”, é a resistência ao choque, isto sem ter sequer em conta que o portátil, com nome de navegador, está perfeitamente adaptado às condições de elevada humidade que caracteriza a Região pois, ao que parece para além de resistir muito bem ao choque o “Magalhães” é hidrofóbico. Devíamos estar todos satisfeitos mas… Enfim! Acho que isto já é má vontade ou não ter mais nada que fazer do que criticar tudo o que os governos do PS, na Região e na República, se propõem levar a cabo para nos tirarem do secular atraso a que estamos votados desde o fim da epopeia dos descobrimentos.
Boa vontade só mesmo os professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB). Para preparar a chegada do “Magalhães” haja tempo, boa vontade e uma boa dose paciência pois aquilo que espera os professores do 1.º CEB não é tarefa menor. Só o processo de pré-registo dos alunos, a ser feito pelo professor da turma, é composto de 11 acções que bem vistas as coisas deveriam ser feitas pelos vendedores do fabricante do “Magalhães” e pelos operadores móveis de comunicações. Fica por se saber qual o enquadramento que esta actividade dos professores do 1.º CEB tem no actual modelo de avaliação e qual o correspondente registo e notação na grelha ou, se aos docentes será atribuída uma comissão pecuniária pelas vendas realizadas.
As vantagens da introdução do “Magalhães” no 1.º CEB constituem, sem sombra de dúvidas, uma revolução no processo ensino e aprendizagem. Nada será como antes! Daqui até à dispensa dos professores e mesmo do espaço físico que hoje conhecemos como Escola vai um pequeno passo e o fim do pesadelo de Secretárias e Ministras da Educação.
Só tenho mesmo uma, ou melhor duas dúvidas sobre o sucesso e o processo de distribuição gratuita do famoso computador portátil de tecnologia portuguesa contra choques e infiltrações líquidas.
A primeira dúvida relaciona-se com o contrato de fornecimento celebrado com o fabricante e distribuidor. Não tendo havido concurso público quais são os prazos a que a empresa está obrigada para provir todos os aluno do 1.º CEB deste imprescindível instrumento do sucesso escolar!?
A segunda dúvida relaciona-se com a universalidade do acesso ao “Magalhães”. Não é por nada mas afinal o portátil não vai ser distribuído gratuitamente a todos os alunos. A “borla”, na Região, é apenas para os alunos que estão integrados nos escalões 1, 2 e 3 da Acção Social Escolar. Os alunos dos 4.º e 5.º escalões pagarão, respectivamente, 20 e 50 euros. Não tenho, por princípio, nada contra esta comparticipação das famílias mas não tenho a certeza (daí a dúvida) que assim se garanta que todos vão aceder a esta inovadora maravilha saída do prometido choque tecnológico. E depois, bem e depois tenho na lembrança o fracasso do programa regionalizado da e-Escola, o mau exemplo sénior, a pender sobre o programa e-Escolinha desenhado para os infantis.

1 comentário:

Maria Margarida Silva disse...

Foi anunciado como o primeiro computador português! Mas a realidade é bem outra, como todos nós bem sabemos: o Magalhães é originalmente o Classmate PC, produto concebido pela Intel.
O “nosso” Magalhães é isso mesmo: uma versão produzida em Portugal, sob licença da Intel. Uma história bem diferente da engenhosamente "vendida" pelo governo para criar mais um caso de sucesso do Portugal tecnológico.
Primordialmente, foram as notícias que davam conta de uma nova fábrica da Intel em Portugal. Um sucesso, garantia-se, que já tinha 4 milhões de encomendas ainda antes de ser instalada a primeira pedra. Um investimento que iria criar 1000 postos de trabalho qualificados (ou serão 80??), na zona de Matosinhos, graças ao esmero do Governo.
Quanto ao computador, não só não tem nada de novo como a única realidade portuguesa baseia-se única e exclusivamente na localização da fábrica e no capital investido.
Quanto à Fábrica da Intel, nem vê-la!! Os tão falados 1000 novos postos de trabalho, ainda menos !!
Todavia, o que está aqui em causa não é saber se o Magalhães é original ou não. O essencial é saber se ele chegará efectivamente a todos os alunos e até que ponto será uma prioridade…
Distribuir Magalhães por dezenas de escolas, enquanto que outras não reúnem as mínimas condições de funcionamento, não faz parte da minha óptica.
Para além disso, lamento, sinceramente, que a imprensa nacional (para variar…), tenha andado a vender uma história ficcionada, em vez de cumprir o papel que lhe compete. Mas, quanto a isso, já estamos habituados…