segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Postal de Natal

Este ano optei por não formular votos natalícios nem de desejos de prosperidade para o novo ciclo temporal que se inicia por estes dias. Não o fiz nesta coluna, nem noutras onde habitualmente partilho algumas cogitações com quem ainda lê e cultiva a reflexão crítica. Compartilhar… Este é o objectivo! Se o alcanço ou não só mesmo os leitores o poderão dizer. Alguns dizem que sim, outros que nem por isso, outros são liminarmente contra… o que quer que seja e, outros ainda, não dizem nada mas vão lendo. O que em si mesmo é bom não porque o texto nasceu aqui deste lado mas porque alguém se apropria dele, lendo-o e ajuizando como muito bem entender. E, é nesse momento que as palavras ganham importância. Por ora não têm importância, são apenas minhas… as palavras, Palavras sem nexo à procura mais, de uma lógica, que do formalismo linguístico que as ordena lhes dá sentido e rigor, isto tudo sem deixar, porém, de ter em vista uma ética social e política de intervenção para elas… as palavras.
A opção de não ter dedicado algumas palavras a esta quadra foi consciente. Este ciclo repetitivo de desejar por altura do Solstício de Inverno o que todos deveríamos ter, dada a nossa condição humana, já me enfastia um pouco.
Enfastiado! Foi assim que me senti com a mensagem de Natal do Presidente do Governo Regional. Bonitas e adequadas palavras de esperança num cenário de prosperidade e conforto. Mas foram só bonitas… as palavras adequadas à quadra de renovada esperança e de expressão de solidariedade com os desprovidos da sorte. Um bonito Postal de Natal este que o Presidente do Governo Regional ofereceu aos açorianos espalhados pelo Mundo e aos residentes nas ilhas de bruma.
Ao bonito Postal de Natal que Carlos César ofereceu aos açorianos faltou, a meu ver, o anúncio de que em 2009, e por aí em diante, as desigualdades sociais acabariam, que o rendimento das famílias cresceria e que o desenvolvimento harmónico voltaria a ser uma prioridade do seu governo.
Um Postal de Natal desenhado por um dos assessores presidenciais que pululam em Santana ao qual faltou a ética moral e política de intervenção, mas ao qual não faltou o formalismo estético e linguístico apropriado à quadra natalícia.
Aníbal Pires, In Açoriano Oriental, 29 de Dezembro de 2008, Ponta Delgada

1 comentário:

samuel disse...

Temos aqui do mesmo, como sabes... oh, se sabes!...

Abraço