segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Programa e programinhas

O novo Governo Regional apresentou, no passado dia 3 de Dezembro, o programa de Governo para o próximo quadriénio. Esta semana a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) vai proceder à sua apreciação, discussão e aprovação. Apreciação! Com certeza. Aprovação! Sem dúvida. Discussão! Assim, assim que o tempo é pouco e o programa é do Governo e da maioria absoluta que o aprovará. Não é, como se sabe, das oposições. Resta a apreciação de um documento orientador do modelo de desenvolvimento para os Açores proposto pelo velho PS de Carlos César, que já foi Programa Eleitoral, em primeira versão, agora Programa de Governo, em versão final, mas nem por isso mais rica do que a versão que foi escrutinada pelos eleitores.
O Programa de Governo, para além de estar empobrecido face ao Programa Eleitoral do PS Açores, não consegui vislumbrar a anunciada ligação das ilhas ocidentais ao cabo de fibra óptica nem, tão pouco, a cobertura regional de Centros de Dia e Noite para Idosos, o Programa do X Governo Regional, como dizia, é uma declaração de intenções na continuidade do modelo de desenvolvimento que acentuou desigualdades sociais e económicas entre os cidadãos, que acentuou assimetrias regionais, que continua a desvalorizar o sector produtivo e, sobretudo, dá continuidade ao, já longo ciclo, de desvalorização do trabalho e de concentração da riqueza.
Mas não quero parecer derrotista e muito menos ser acusado de não ter encontrado nada interessante e digno de referência no programa e na listagem de programinhas do X Governo Regional, assim, transcrevo do Programa aquilo que é uma novidade estratégica para o sector de actividade que, desde 2000, é a “menina dos olhos” dos governos de César e que poderá dar o alento que faltava ao sector do Turismo na Região.
“(…) A promoção do destino Açores deverá incidir, especialmente, em destinos emissores ricos, populosos, com boas ligações aéreas directas para os Açores, cujos habitantes tenham o hábito de viajar fora da chamada época alta e várias vezes ao ano, que tenham uma propensão marginal interessante para gastar dinheiro em tempo de férias, e que (…)”. Não restem dúvidas com a captação de turistas com este perfil “estamos safos”, tudo o resto passará a ser acessório… A minha alma espanta-se com tamanha visão de futuro!
Aníbal Pires, In Açoriano Oriental, 08 de Dezembro de 2008, Ponta Delgada

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