sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A herança

Uma vez mais os transportes marítimos de passageiros vêm animar o espaço público regional alimentando a novela trágico-marítima com mais alguns episódios e sem fim (solução) à vista. O dado mais mediático e recente foi tornado público nos últimos dias com a divulgação de um relatório do Tribunal de Contas (TC) sobre a aquisição das novas embarcações pelo Governo Regional. Facto que não deixa ninguém estupefacto, o contrário seria verdadeiramente espantoso.
Mas com estamos a pouco mais de 3 meses do início da operação de 2009 há uma pergunta que se impõe, e que é: - Qual ou, quais as embarcações que vão fazer o transporte de passageiros e viaturas inter-ilhas durante a época de 2009?
Aposto que nem mesmo o Secretário Regional da Economia sabe. O que, em si mesmo, é tão grave quanto os dados divulgados pelo TC. Há, todavia, um facto que todos sabemos e que, julgo eu, o Governo Regional também saberá. A operação não será efectuada pelo “Atlântida”, um dos dois navios encomendados pelo governo de Carlos César aos estaleiros de Viana do Castelo. Assim sendo é bom que se comecem a preparar as vistorias ao “Ilha Azul” e se restaurem cordiais relações com o armador grego do “Santorini” pois, não me parece que seja já este ano que o serviço público de transportes de passageiros e viaturas inter-ilhas atinja os níveis de qualidade e eficácia, tantas vezes prometidos como adiados.
A distância que separa a escrita destas linhas sobre a sua publicação deve ser suficiente para que, entrementes, aconteçam alguns desenvolvimentos e que, porventura, se tomem decisões de recurso dando, assim, continuidade à saga trágico-marítima do governo de Carlos César.
A Vasco Cordeiro, personagem a quem foi reservado este ingrato papel e outros não menos problemáticos, exige-se que venha informar os açorianos, não só, esclarecendo o que houver a esclarecer do Relatório do TC, mas também, como é que está a ser desenhada a operação de transporte marítimo de passageiros e viaturas para 2009.
O novíssimo Secretário Regional da Economia tem pela sua frente um caminho árduo e carrega uma pesada herança. Um legado pelo qual é solidariamente responsável pois, se a Duarte Ponte se fazem legítimas acusações e lhe são imputadas responsabilidades não nos esqueçamos que as políticas são dos Governos e, Vasco Cordeiro não é, propriamente, um estreante em cargos governativos sob a batuta de Carlos César.
A tentação simplista de esperar que a novas caras correspondam novas políticas leva por vezes a equívocos que, não sendo trágicos, são potencialmente frustrantes de expectativas que podem resultar em tragédia!
Aníbal Pires, IN Expresso das Nove, Ponta Delgada, 16 de Janeiro de 2009

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