A nomeação de Vítor Constâncio para Vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) levantou mais uma onda portuguesismo e de unanimidade ao centro. A onda de portuguesismo tanto pode ficar a dever-se à enorme satisfação de ver esta personalidade pelas costas, como a do reconhecimento pela capacidade que os portugueses têm em emigrar e fixar-se no estrangeiro. Quanto ao unanimismo do centrão político nacional pouco ou nada a acrescentar pois quando se trata de “grandes” questões nacionais o PS e o PSD arregimentam-se e o coro é a uma só voz. Foi assim com a nomeação de Durão Barroso para Presidente da Comissão, com o Tratado de Lisboa, com a adesão à então Comunidade Económica Europeia, é assim e sempre quando se trata de proteger os interesses que servem o poder económico perante o qual os partidos do alterne político se colocam de cócoras.
O emérito português, agora indigitado para a Vice-presidência do BCE, vai ficar responsável pelas áreas de investigação e de supervisão e estabilidade financeira dos mercados dando corpo à ideia, da Comissão Europeia, de reforço e vigilância do sector financeiro e bancário com o objectivo de prevenir novas crises.
O BCE não poderia ter escolhido melhor. Quem? Se não Vítor Constâncio para garantir este objectivo da Comissão, o ainda Governador do Banco de Portugal tem no seu currículo casos como o BCP, o BPN e o BPP, casos que foram alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da qual resultou um insípido relatório que mereceu duras críticas da oposição mas, ainda assim, do qual se podem assacar responsabilidades ao Banco de Portugal e ao seu primeiro responsável.
Vítor Constâncio tem a experiência ancorada no erro e na sua grande capacidade de prever quando a realidade já está instalada, por conseguinte, reunirá as melhores condições para assumir o papel de marioneta ao serviço dos interesses da alta finança europeia e mundial, aliás enquanto Governador do Banco de Portugal demonstrou outras qualidades como a de reservar informação para os momentos certos, todos estamos recordados que antes das Legislativas de 2005, as tais que deram a maioria absoluta a Sócrates, o défice público estava, segundo as palavras de do Governador do Banco de Portugal, controlado, para logo após a tomada de posse do primeiro governo do senhor engenheiro Pinto de Sousa passar para valores que colocavam em causa o Pacto de Estabilidade e Crescimento justificando, perante a opinião pública as medidas draconianas impostas pelo governo e cujo alvo como não poderia deixar de ser os mesmos de sempre.
Como ficou exposto Vítor Constâncio tem bastas qualidades para o desempenho do novo cargo e é por isso que eu não entro na onda de portuguesismo que reina à volta da sua indigitação.
Anibal C. Pires, IN AUNIÃO, 22 de Fevereiro de 2010, Angra do Heroísmo
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