O sistema constitucional de autonomia e o aprofundamento da democracia participativa, a coesão social, territorial e económica, as acessibilidades, a ultraperiferia, a economia, o ambiente, a saúde, habitação, a educação, a cultura e o desporto, a política de rendimentos, a valorização do trabalho e dos trabalhadores, os movimentos sociais e a luta de massas, de entre outros temas, mereceram uma aturada análise e discussão no IX Congresso do PCP Açores.
Mas é sobre do modelo de desenvolvimento regional que mereceram, também, por parte do IX Congresso uma atenção especial, não só na sua caracterização mas, sobretudo, no apontar de caminhos diferentes e sustentados que aqui trago algumas reflexões.
O modelo de desenvolvimento regional foi sempre fortemente condicionado, desde logo, pela geografia que nos tornou periféricos e distantes dos centros de decisão - Lisboa e desde 1986 também de Bruxelas -, a dispersão territorial, a pequena dimensão demográfica e territorial, mas também pelos condicionalismos impostos pelo espaço político e económico onde nos integramos, designadamente da União Europeia. Estas condições contribuíram para que a economia regional fosse sempre fortemente dependente e influenciada por factores externos e de conjuntura aos quais nunca se contrapôs um padrão de raiz regional. Ou seja, um modelo de desenvolvimento que considere e valorize as nossas potencialidades endógenas, isto sem descurar, obviamente, os contextos onde estamos inseridos, mas com um objectivo claro de nos defendermos melhor das flutuações e crises internacionais, em suma, de nos tornarmos menos permeáveis às conjunturas externas. O que precisamos é, verdadeiramente, de um paradigma açoriano: um modelo de desenvolvimento sustentável social e economicamente justo, ancorado na terra que sendo exígua é pródiga, no mar que nos dá dimensão e na geografia que se por um lado nos tornou periféricos, também nos proporciona centralidade na bacia atlântica, quer olhemos para o Ocidente da diáspora, quer para o Sul macaronésio e lusófono.
Um modelo de desenvolvimento com um forte sector produtivo que assegure um mínimo de soberania alimentar, potenciado por uma indústria transformadora que acrescente valor, qualidade e dimensão aos produtos da terra e do mar, complementado por um sector de serviços que considere as singularidades açorianas como um recurso único e sustentável, porque diferente e ancorado nos equilíbrios entre o homem e o ambiente.,
O IX Congresso do PCP Açores realizado num contexto histórico de profunda crise que, para além de económica é também uma crise de valores relevou o papel insubstituível dos comunistas açorianos, considerando que a intervenção cívica e política dos militantes comunistas configura a esperança numa alternativa política de ruptura e o caminho para a construção de um novo paradigma de desenvolvimento para os Açores.
Aníbal C. Pires, IN DIÁRIO INSULAR, 21 de Abril de 2010, Angra do Heroísmo
Sem comentários:
Enviar um comentário