As declarações com que o Presidente do Governo e do PS Açores tem inundado o espaço público regional sobre os efeitos do PEC na Região e o retomar da guerrilha institucional representam a intrínseca incapacidade do PS de romper com um modelo de desenvolvimento importado e a sua submissão às políticas de direita que dominam em Portugal e a União Europeia.
Mudar implica uma ruptura e acção! Falar de um renovado ciclo político e de desenvolvimento económico para os Açores não basta em si mesmo.
Falar e propor um novo ciclo político e económico exige uma ruptura com o passado e com o presente, exige uma avaliação e aplicação rigorosa dos investimentos públicos, exige garantir o reconhecimento das especificidades açorianas e da sua economia.
Falar de um novo ciclo político e económico exige, desde logo, potenciar o descontentamento dos cidadãos mobilizando-os para as lutas que inevitavelmente terão de ser travadas em defesa dos interesses regionais e das especificidades da nossa economia.
Falar de um novo ciclo político e de desenvolvimento para os Açores não pode ser um exercício de mera retórica para justificar a continuidade no poder e escamotear insuficiências das políticas e opções tomadas, maquilhando velhas e falidas receitas que produzem o desemprego e a exclusão social e económica e, cimentam os pilares que estão na origem da crise que nos assola e que tem as suas raízes no modelo capitalista neoliberal, na desregulação dos mercados, na especulação financeira e na terciarização da nossa economia desvirtuando os sectores que lhe podem, efectivamente, dar sustentabilidade.
O PCP Açores é, reconhecidamente, uma força política essencial para a construção de um projecto transformador e de ruptura com as políticas que na Região, como na República, têm aprofundado as desigualdade sociais e económicas, concentrado o investimento público num modelo económico desadequado à realidade regional e que, ao invés do discurso oficial, não evitou que a crise se tivesse instalado e que esteja a assumir um grave revés no bem estar e qualidade de vida das açorianas e açorianos, bem assim como no tecido económico regional, em particular nas micro, pequenas e médias empresas.
O IX Congresso Regional do PCP vai consagrar na sua Resolução Política as linhas de orientação para o reforço da Organização da Região Autónoma dos Açores tendo como finalidade o aumento da sua influência social, política e eleitoral e a assunção plena da sua condição natural de alternativa política na qual as açorianas e açorianos, em número crescente e proporcional ao descontentamento, se revejam para concretizar aquele que é um desígnio autonómico – o desenvolvimento harmonioso de todas as ilhas da Região Autónoma dos Açores.
Aníbal C. Pires, IN A UNIÃO, 13 de Abril de 2010, Angra do Heroísmo
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