Em notícia veiculada por um órgão de comunicação social regional o qual citando o IEFP, ficámos a saber que em Junho, nos Açores o número de desempregados masculinos registou, pela primeira vez, um valor superior aos desempregados do género feminino.
Quando li o título da notícia pensei cá para com os meus botões: É natural a crise afectou profundamente a construção civil onde as profissões são predominantemente masculinas logo, é natural que a realidade seja essa.
Ao ler o corpo da notícia percebi que o Director Regional que tutela a área do emprego reconhecendo na crise uma das causas para este inédito cenário atribuía, no entanto, às políticas do governo, mormente ao programa de substituição temporária de mulheres em licença de maternidade e à formação profissional de desempregadas, a grande responsabilidade por esta excepcional situação, uma vez que a norma é a de que o desemprego feminino seja superior ao desemprego masculino.
Oh Dr. Rui Bettencourt valham-nos todos os Santos então o senhor considera emprego as substituições temporárias e a formação profissional!? E já agora senhor Director Regional será que o número do desemprego feminino é somente o que foi referenciado nos dados do IEFP? O senhor acredita mesmo nisso!? Então e as centenas e centenas de mulheres que não estão inscritas nos Centros de Emprego?
Por outro lado se os programas de formação profissional para desempregadas têm tanto sucesso seria bom avaliar porque não acontece o mesmo nos programas para desempregados.
No primeiro semestre de 2010 verificou-se, relativamente ao período homólogo, uma quebra no número de dormidas nos hotéis, apartamentos, turísticos, pousadas, pensões e estalagens da Região. Esta quebra fica a dever-se à redução da procura do destino Açores por cidadãos estrangeiros, 14,9%, e a quebra só não foi mais acentuada porque os nacionais contribuíram com mais 6,1% de dormidas. É caso para perguntar se vale a pena continuar a desperdiçar milhões e milhões de euros em acções promocionais no estrangeiro ao invés de direccionar o investimento para a concretização de políticas de transporte aéreo e marítimo de passageiros que, não só reduza o custo final da viagem, mas também diversifique e complemente a oferta turística com claros benefícios para quem nos visita mas e para os operadores locais.
Os dados divulgados pelo SREA mostram que as maiores quebras se verificaram em S. Jorge, 14,6%, S. Miguel, 8,7% e Terceira, 6,8%. O caso de S. Jorge, visto que todas as ilhas com as mesmas características aumentaram o número de dormidas, deveria ser objecto de estudo e, não andarei muito longe da verdade se adiantar que esta diminuição se fica a dever às acessibilidades.
Curioso, de facto, é verificar que as ilhas, com esta excepção que constitui S. Jorge, de Santa Maria, Graciosa, Pico, Faial e Flores normalmente apresentadas como “apêndices” no destino Açores estejam a ganhar relevância no sector do turismo.
E se o responsável político pelo sector e os operadores turísticos souberem e quiserem interpretar os números então talvez esteja na altura de avaliar o modelo de turismo que queremos para o sector e deixarmo-nos, de uma vez por todas, de projectos megalómanos que nos vão transformando num não lugar e salpicando as nossa cidades e ilhas de elefantes laranja e rosa.
Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 11 de Agosto de 2010, Angra do Heroísmo
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