segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Por Portugal, com os portugueses

O mês de Janeiro despertou, ainda mais, os portugueses para a dura realidade que as medidas de austeridade impostas pelo PS e subscritas pelo PSD, devidamente abençoadas por Cavaco Silva, provocam no seu dia-a-dia.
A democracia portuguesa está doente, Portugal perdeu a sua soberania, o desemprego aumentou, os impostos subiram, os rendimentos do trabalho diminuíram, as desigualdades sociais acentuam-se, as micro, pequenas e médias empresas confrontam-se com o estrangulamento financeiro imposto pela banca e, com o efeito recessivo das medidas consagradas nos sucessivos PECs.
A aceitação tácita de que este é o único, o inevitável caminho para Portugal é a admissão de que este País e este povo não têm futuro enquanto projecto de construção colectiva.
O pensamento dominante instalado e com acesso à produção de informação, molda consciências, promove a descrença e provoca o sentimento de resignação. Mas, nem o momento nem o tempo são de indolência ou de renúncia. O tempo e o momento são de protesto e luta, protesto e luta por Portugal, pelos portugueses.
Luta por um Portugal mais justo, por um Portugal soberano, por um Portugal a produzir, por um Portugal independente, por um Portugal desenvolvido, por um Portugal democrático, um Portugal de paz e cooperação com os povos, luta por um Portugal liberto das grilhetas dos mercados financeiros.
Este é um tempo de acreditar e, sobretudo, de dizer não!
Não a quem “vendeu” este país e este povo a entidades abstractas e sem legitimidade democrática.
Este é um tempo de acreditar que Portugal e este povo têm um lugar na História enquanto país soberano e independente, acreditar que somos capazes de caminhar livres e donos do nosso futuro colectivo.
Este é um tempo de acreditar que as opções políticas podem ser diferentes.
As opções políticas podem e devem ser patrióticas, podem e devem ser pelo povo e com o povo, podem e devem ser pela valorização da produção nacional, podem e devem ser pela recuperação da soberania, podem e devem ser mais justas, podem e devem promover a justiça social, podem e devem promover uma equitativa distribuição da riqueza e dos sacrifícios, podem e devem ser: por Portugal, com os portugueses.
Ponta Delgada, 20 de Janeiro de 2011

Aníbal C. Pires, In A União, 23 de Janeiro de 2011, Angra do Heroísmo

1 comentário:

AGRY disse...

posso entender este grito como um convite a revisitar a esperança carregada de futuro?
Um abraço
Agry