As eleições presidenciais como outras de diferente natureza parecem distantes e sem grande significado para um largo número de eleitores mas, como diz a sabedoria popular: “nem tudo o que parece é”.
E não é o que parece! As eleições para o Parlamento Europeu serão, de todos os actos eleitorais, as que registam a maior abstenção, porém, mais do que em Lisboa, é em Bruxelas e Estrasburgo que se decide e conforma o nosso quotidiano.
A eleição do Presidente da República e sobretudo o exercício do mandato dentro do quadro constitucional não é, ao contrário do que por vezes nos querem fazer crer, de somenos importância. De onde resulta que a opção de voto que cada um de nós fará no dia 23 de Janeiro não se pode dissociar dos projectos políticos que cada um dos candidatos mais ou menos explicitamente representa.
Cavaco Silva e Manuel Alegre, bem vistas as coisas, não divergem sobre os caminhos para a saída da crise. São dois candidatos que representam projectos políticos em tudo semelhantes e ambos têm, em graus diferentes, responsabilidades na actual situação de profunda crise social, económica e financeira em que Portugal está mergulhado. O actual Presidente da República foi primeiro-ministro num tempo em que o país, pelas suas opções, desbaratou milhões e milhões de euros de fundos estruturais e, Manuel Alegre foi deputado desde sempre e até ao fim da anterior legislatura tendo subscrito, com o seu voto, todas as opções políticas do governo de José Sócrates.
Votar em Manuel Alegre ou em Cavaco Silva é votar em representantes de projectos políticos que destruíram a economia nacional e colocaram Portugal de cócoras perante essa entidade abstracta, sem rosto, nem legitimidade a que chamam mercados.
Portugal necessita de outras políticas e de outros protagonistas para se libertar das amarras dos especuladores. Os portugueses têm, a 23 de Janeiro, uma oportunidade de se insurgirem, revoltando-se contra estes vendilhões da soberania nacional e dar um sinal que pretendem um novo rumo para Portugal. Um caminho que valorize a produção nacional, um caminho de dinamização da economia produtiva, um caminho de valorização do trabalho e dos trabalhadores.
A candidatura de Francisco Lopes tem associado um projecto político de ruptura com as políticas de direita que o PSD de Cavaco e o PS de Alegre têm imposto a Portugal, a candidatura de Francisco Lopes é suportada por um projecto político patriótico e de esquerda, um projecto político de mudança.
O voto em Francisco Lopes não é um cheque (voto) em branco e a abstenção não é solução.
Insurja-se! Leve a sua revolta até ao voto em Francisco Lopes.
Ponta Delgada, 13 de Janeiro de 2011
Aníbal C. Pires, In A União, 15 e Janeiro de 2011, Angra do Heroísmo
Sem comentários:
Enviar um comentário