terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Notas soltas sobre a “iminente” invasão

 

A guerra da informação (psicológica, cognitiva ou como lhe quiserem chamar) está instalada há vários anos, nos últimos meses agudizou-se à volta de uma esperada e “iminente” invasão da Ucrânia pelo seu vizinho russo.

As notícias veiculadas pelos OCS alinhados com a estratégia dos Estados Unidos e do seu braço armado, a NATO, já noticiaram a invasão (Blomberg, dia 4 de fevereiro, por volta das 16h), e, nos últimos dias têm vindo a anunciar que a guerra começa amanhã (quarta-feira, dia 16 de fevereiro). 

A RTP, seguindo a narrativa bélica dos Estados Unidos, divulgou uma notícia com imagem de “tropas especiais” ucranianas a instruir os cidadãos de uma região ucraniana (Mariupol) para ripostarem aos invasores. O que a RTP não disse é que essas “tropas especiais” são uma milícia armada de inspiração nazi (o batalhão Azov).

Hoje a notícia que dominou foi a retirada das tropas russas para as suas bases habituais. Fiquei sem saber, as televisões e os jornais, ainda não confirmaram se o recuo dos militares russos resulta do fim exercícios na Bielorússia, como disse Igor Konashénkov, porta voz das forças armadas russas, ou se foram as declarações de Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, que, pela sua contundência e alcance, levaram Putin a mandar recuar as suas tropas.

Gostava de ouvir a opinião do Nuno Rogeiro sobre o assunto, pois, essa personalidade costuma estar bem informada, aliás, todos nos lembramos das suas brilhantes análises em defesa da invasão do Iraque fundamentada pela existência de armas de destruição massiva. Armas que só existiram, como se veio a provar, nas mentes ao serviço dos interesses dos Estados Unidos e de alguns dos seus aliados.

Imagino até que o Nuno Rogeiro esteja a aconselhar o governo ucraniano com o objetivo de este não baixar a guardar, pois, os russos não são de confiar e este recuo pode muito bem ser para ganhar “balanço” para concretizar a “iminente” invasão.

Se tudo isto não fosse dramático, desde logo para o povo ucraniano, seria ridículo. Esta guerra (cognitiva) está a causar grande instabilidade e sentimento de insegurança na zona da “iminente” invasão, mas também no espaço europeu. Os danos psicológicos começam a evidenciar-se nas populações, mas também prejuízos de ordem económica e financeira, não só para a Ucrânia e Rússia (desvalorização das suas moedas e diminuição das exportações de gás para a União Europeia), mas também para os países da União Europeia com o aumento dos preços da energia e o efeito que produz no aumento dos custos de outros bens, serviços e produtos.

Quem beneficia!? Não só, mas são os Estados Unidos os principais beneficiários da “iminente” invasão. Aumentaram as exportações de gás liquefeito para a Europa e a sua economia de guerra tem aqui mais um foco de tensão onde se alimentar.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 15 de fevereiro de 2022


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