Implantada bem no meio do Grupo Central, São Jorge goza de uma posição geográfica ímpar, que lhe devia proporcionar um papel mais destacado em termos das dinâmicas e sinergias que deveriam existir entre estas ilhas.
No entanto, a actual articulação do sistema de transportes não tem permitido desenvolver estes fluxos. Fluxos de produtos e investimentos, fluxos de gente, cultura e ideias. Fluxos que animam uma terra nos caminhos da modernidade sem esquecer o passado, fluxos que alimentam as actividades económicas e fixam as populações.
A visão do desenvolvimento no Grupo Central da Região Autónoma dos Açores tem de ultrapassar os estreitos limites “da minha ilha” para abarcar o âmbito “das nossas ilhas”, com as suas potencialidades comparativas, especializações e vantagens. As ilhas do Triângulo, bem como de todo o Grupo Central, têm de ser encaradas como unidades territoriais, não isoladas, mas comunicantes e que se potenciam umas às outras.
Assim, uma visão para o desenvolvimento da ilha de São Jorge que combata a centralização urbana e evite o esvaziamento das freguesias rurais, fixando actividades, equipamentos e populações, só pode ser pensada na articulação e ligação directa com as ilhas circundantes. A política de transportes, nomeadamente dos marítimos, é, por isso, uma questão estratégica.
O Governo Regional prometeu o grau mínimo das condições essenciais para essa articulação. Com pompa e circunstância anunciou, não a obra, mas a promessa: criar uma ligação marítima directa diária, durante todo o ano que una as ilhas do Triângulo deixando, ainda assim, fora da promessa as ligações marítimas à Terceira (a partir do Topo) e daí à Graciosa.
É caso para dizer que os jorgenses esperaram muito tempo para tão pouco!
De facto, só depois de anos de reivindicação, protesto e exigência das populações e dos seus representantes é que foi finalmente dado este pequeno e simples passo.
E, embora seja positivo e importante, foi dado de forma isolada e sem a necessária perspectiva estratégica abrangente que esta questão dos transportes marítimos de passageiros exige.
A carência desta visão deixa, assim, de lado outros passos fundamentais. Entre eles, as obras no porto do Topo que permitissem criar uma ligação marítima, permanente e regular, com as ilhas da Terceira e Graciosa que, afinal, são ali a dois passos. Outro, seria a existência de um verdadeiro serviço público de transportes terrestres, que o Governo poderia criar em articulação com os operadores, e que permitisse, apesar das características geográficas, quebrar o isolamento de populações e freguesias e, também, ajudar a dinamizar as actividades turísticas e ambientais.
Sem que exista esta visão estratégica por parte do Governo Regional, acompanhada das medidas e investimentos que a sua aplicação exige, continuaremos a assistir ao sufocar das potencialidades de São Jorge, e das ilhas vizinhas, invertendo os termos do progresso destas ilhas, tornando periférico o que é central.
No entanto, a actual articulação do sistema de transportes não tem permitido desenvolver estes fluxos. Fluxos de produtos e investimentos, fluxos de gente, cultura e ideias. Fluxos que animam uma terra nos caminhos da modernidade sem esquecer o passado, fluxos que alimentam as actividades económicas e fixam as populações.
A visão do desenvolvimento no Grupo Central da Região Autónoma dos Açores tem de ultrapassar os estreitos limites “da minha ilha” para abarcar o âmbito “das nossas ilhas”, com as suas potencialidades comparativas, especializações e vantagens. As ilhas do Triângulo, bem como de todo o Grupo Central, têm de ser encaradas como unidades territoriais, não isoladas, mas comunicantes e que se potenciam umas às outras.
Assim, uma visão para o desenvolvimento da ilha de São Jorge que combata a centralização urbana e evite o esvaziamento das freguesias rurais, fixando actividades, equipamentos e populações, só pode ser pensada na articulação e ligação directa com as ilhas circundantes. A política de transportes, nomeadamente dos marítimos, é, por isso, uma questão estratégica.
O Governo Regional prometeu o grau mínimo das condições essenciais para essa articulação. Com pompa e circunstância anunciou, não a obra, mas a promessa: criar uma ligação marítima directa diária, durante todo o ano que una as ilhas do Triângulo deixando, ainda assim, fora da promessa as ligações marítimas à Terceira (a partir do Topo) e daí à Graciosa.
É caso para dizer que os jorgenses esperaram muito tempo para tão pouco!
De facto, só depois de anos de reivindicação, protesto e exigência das populações e dos seus representantes é que foi finalmente dado este pequeno e simples passo.
E, embora seja positivo e importante, foi dado de forma isolada e sem a necessária perspectiva estratégica abrangente que esta questão dos transportes marítimos de passageiros exige.
A carência desta visão deixa, assim, de lado outros passos fundamentais. Entre eles, as obras no porto do Topo que permitissem criar uma ligação marítima, permanente e regular, com as ilhas da Terceira e Graciosa que, afinal, são ali a dois passos. Outro, seria a existência de um verdadeiro serviço público de transportes terrestres, que o Governo poderia criar em articulação com os operadores, e que permitisse, apesar das características geográficas, quebrar o isolamento de populações e freguesias e, também, ajudar a dinamizar as actividades turísticas e ambientais.
Sem que exista esta visão estratégica por parte do Governo Regional, acompanhada das medidas e investimentos que a sua aplicação exige, continuaremos a assistir ao sufocar das potencialidades de São Jorge, e das ilhas vizinhas, invertendo os termos do progresso destas ilhas, tornando periférico o que é central.
Aníbal C. Pires, In AUNIÃO, 12 de Janeiro de 2010, Angra do Heroísmo
1 comentário:
Oi, Aníbal
“Outros passos fundamentais”, como dizes e bem, nomeadamente as obras no porto do Topo, a existência de um verdadeiro serviço público de transportes terrestres, a dinamização de actividades turísticas e ambientais… e aproveito para acrescentar, se me permites:
Para quando o novo Hospital de Angra, há tanto tempo prometido e sem passar da primeira pedra?
A iluminação da nova estrada e rotunda de ligação da circular a S. Carlos?
A colocação de mais psicólogos no Centro de Saúde de Angra (oferta de emprego, é só vê-la nos jornais…), já que quem está lá, nessa área, não dá vencimento ao atendimento aos utentes, pois até a licença de porte de arma também tem que passar por uma consulta dessa índole (não estou a pôr em causa a pertinência da mesma, claro)?
A assistência na Saúde para todos (médico de família, exames médicos atempadamente, sem se ter que esperar meses e meses por uma TAC, ecografias…)?
Os preços exorbitantes das viagens interilhas e para o Continente?
O abandono de centenas de trabalhadores, por parte das entidades patronais?
O crescimento constante do número de pobres?
A resposta para todas estas questões resume-se em três palavras:
INJUSTIÇA – INÉRCIA – INCOMPETÊNCIA
“Compreendi que não bastava denunciar a injustiça. Era preciso dar a vida para combatê-la.” Albert Camus
Um abraço.
margarida
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