quarta-feira, 22 de março de 2017

O "Shark Tank" do PS Açores

Imagem retirada da internet
Ao contrário do que o Presidente do Governo Regional quis fazer crer no seu discurso de encerramento do debate do Plano e Orçamento para 2017, bem assim como das Orientações de Médio Prazo, 2017-2020, não existem novidades na estratégia e nas opções políticas do seu governo. Os documentos aprovados renovam velhas políticas com novas roupagens.
Há, contudo, uma medida anunciada, que parece de facto nova, e que quero destacar, trata-se da criação de uma Rede Açoriana de Mentores, rede que segundo Vasco Cordeiro, “constitui um mecanismo de apoio e de aconselhamento aos empreendedores por parte de profissionais de créditos firmados em diversas áreas de atividade e que, por essa via, podem ajudar na implementação de novos projetos empresariais”. Quando ouvi, em direto, este anúncio não pude deixar de sorrir. Sorri porque ao ouvir esta novidade da política do Governo regional para o fomento do autoemprego, vulgo empreendedorismo, fiz de imediato o paralelismo com o programa televisivo, de inspiração estado-unidense, “Shark Tank” e imaginei os futuros empreendedores, perante uma qualquer “comissão política do PS, criada para o efeito, submetendo os seus inovadores projetos aos “Mentores”. Enfim, são deste teor as soluções do Governo do PS nos Açores para o desemprego jovem e para revitalizar a economia regional.

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Aos açorianos, tal como à generalidade dos restantes portugueses, não lhes falta espírito empreendedor. A nossa história coletiva está recheada de exemplos de empreendedorismo, somos reconhecidamente mestres do improviso e do desenrasca, somos um povo intrinsecamente empreendedor. Nem por esta via o desenho das políticas públicas tem nada de inovador, basta ao governo fazer o apelo ao espírito empreendedor e, pelo menos, metade dos problemas deixam de o ser. Deixam de o ser para o Governo pois o cidadão continua com eles e, agora com a responsabilidade acrescida de os solucionar pois o principal mentor, as políticas públicas, demitiu-se e transferiu o encargo para o cidadão. Nada mais fácil e, sobretudo, criativo.
E é criatividade que continua a estar ausente das políticas públicas para o emprego, para a economia, para a educação e para saúde. A opção deliberada é pela insistência na velha receita de ancorar o desenvolvimento no apoio financeiro direto ao setor empresarial privado e manter fora da orgânica governamental um conjunto de empresas públicas que duplicam recursos humanos e financeiros, como sejam, por exemplo, a Saúdeaçor, a SPRHI e a Azorina que deviam ser extintas e as suas competências integradas, respetivamente, na Direção Regional de Saúde, na Direção Regional da Habitação e na Direção Regional do Ambiente.
O Governo do PS Açores continua comprometido com um modelo de desenvolvimento regional sem contornos definidos e, sem uma visão de futuro. Esta é em síntese a apreciação que pode ser feita ao Orçamento, ao Plano de Investimentos Anual e às Orientações de Médio Prazo, documentos aprovados durante a semana passada pela maioria absoluta do PS, naturalmente, acompanhada pelo CDS/PP. O futuro próximo não nos reserva, assim, nada de novo. Continuamos na senda de um PS Açores comprometido à direita.
Ponta Delgada, 21 de Março de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 22 de Março de 2017

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