Foto by Aníbal C. Pires |
Do arquivo das crónicas radiofónicas na 105FM
Hoje fica o texto da crónica emitida a 17 de Março de 2018 que pode ser ouvida aqui
Consequências da desobriga
Antes de mais e como convém, desejo-lhe uma Páscoa Feliz. Felicidade para todos os dias e não apenas para este Domingo do calendário.
Haja saúde.
Mas a conversa que lhe proponho para hoje não é sobre a Páscoa.
Nem sobre a Páscoa, nem sobre as bem-aventuranças que, com sinceridade, lhe enderecei.
Como eu terá, também, algumas inquietações e interroga-se sobre o que se passa à sua volta. Mal seria se assim não fosse, mal seria se o que nos rodeia, diga-nos ou não diretamente respeito, não fosse objeto da nossa atenção, mal seria se não nos preocupasse.
Eu, como sabe, não tenho uma posição alinhada com a maioria. Não é por nada de especial, mas gosto de questionar e procuro, em função do que conheço, tirar as minhas próprias conclusões. Dispenso as verdades absolutas e não aceito o branqueamento de dados históricos, sejam eles do passado longínquo, sejam do passado próximo como é o caso do tema que hoje trago para conversar consigo.
A TAP, por razões que mais adiante poderei referir, cancelou algumas dezenas de voos para os Açores, com particular incidência na rota LIS/TER/LIS. Os cidadãos e os empresários, também alguns partidos políticos, têm legitimamente manifestado o seu desagrado pela atitude desta transportadora aérea que já foi nacional.
A operação da Ryanair para a Região está igualmente ameaçada de algumas irregularidades operacionais devido à greve dos tripulantes de cabine desta companhia aérea de baixo custo.
Por outro lado, a Azores Airlines/SATA Internacional, por razões que são sobejamente conhecidas, não tem capacidade para atender ao aumento da procura que, de momento, se verifica por falta de comparência das suas concorrentes.
Não sou hoteleiro, não sou operador nem animador turístico, não tenho ações na TAP, nem na Ryanair, e não pretendo viajar por estes dias. Ou seja, nada disto me afeta diretamente, mas preocupo-me. Preocupam-me os prejuízos que esta situação vai provocar na economia regional, bem assim como os transtornos na vida dos cidadãos que pretendem viajar para férias ou para se juntar à família durante a Páscoa. Com os acionistas privados da TAP e com os acionistas da Ryanair, de fato, não me preocupo por isso não os referi na minha lista de preocupações. Não, não é por serem privados. A razão porque não me preocupo com eles é simples, a responsabilidade é dos próprios. Quanto à SATA, Bem quanto à SATA só posso lamentar a sua reduzida capacidade de resposta. Infelizmente, nem para as suas rotas quanto mais para suprir as necessidades, momentâneas, provocadas pela intermitência operacional da TAP e da Ryanair nas ligações com a Região.
Foto by Aníbal C. Pires |
As greves não acontecem apenas nas empresas públicas. E razões não faltam aos trabalhadores da Ryanair para exigir dignidade e o cumprimento da legislação laboral e aérea. Quanto a obrigações com a Região, como se sabe, são nenhumas.
A liberalização das rotas significa apenas e só que não têm obrigações de serviço público. Esta foi a fórmula encontrada para a entrada das companhias de baixo custo. O espaço aéreo já estava, desde há muito, liberalizado.
Não deixa de ser interessante que as vozes que agora, mais alto, fazem ouvir a sua indignação, sejam as mesmas que exigiram a liberalização das rotas, a privatização da TAP e entrada das transportadoras aéreas de baixo custo nas ligações com a Região, mas também a exigência da privatização da Azores Airlines que, como sabe, está em curso. Tudo isto em nome do funcionamento do mercado e da eficácia da gestão privada.
As consequências, boas ou más a conclusão será sua, estão à vista e não se resumem apenas à situação pontual que aqui referi.
Tenha uma excelente semana. Volto no sábado.
Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 31 de Março de 2018
1 comentário:
parece que amanhã, dia 26, é a data limite para os islandeses se decidirem....
cumptos
amg/Antonio Godinho
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